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LUIZA THALITA LIMA DE MOURA
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QUALIDADE AMBIENTAL DO ESTUÁRIO MAMANGUAPE ATRAVÉS DA BIOINDICAÇÃO DE DIATOMÁCEAS (Bacillariophyta)
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Data: 31/08/2016
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Hora: 13:30
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Com o objetivo de caracterizar a qualidade ambiental e as modificações multitemporias do Estuário do Rio Mamanguape, foram realizadas análises de sensoriamento remoto (IVs), Índices de Vegetação e Classificação, bem como análises da comunidade de diatomáceas em sedimentos. Delimitado por duas Unidades de Conservação (UCs), ambas com gestão de responsabilidade federal, a Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (APA Mamanguape) e a Área de Relevante Interesse Ecológico da Foz dos Manguezais do Rio Mamanguape (ARIE Mamanguape), o estuário representa uma importante área de conservação e refúgio para Trichechus manatus. As hipóteses gerais deste trabalho foram: i) As unidades de conservação, embora bastante pressionadas pelas modificações antrópicas, têm atendido de maneira efetiva a conservação do estuário Mamanguape e, ii) As espécies de diatomáceas encontradas ao longo do estuário e os fatores físico-químicos indicam alta qualidade ambiental do corpo aquático. Para análise de modificações multitemporais do estuário ao longo dos anos usou-se índice de vegetação e classificação. Foram obtidas seis imagens correspondentes a região analisada através do site do GloVis, dos anos de 1985, 1994, 1999, 2001, 2010 e 2016. As imagens foram processadas no programa ERDAS versão 9.3 e analisadas através dos índices NDWI, Albedo e Classificação. Foi feita correlação de Pearson para analisar possíveis associações entre os dados de precipitação pluviométrica acumulada e os índices analisados. O NDWI e o Albedo constataram correlação com a precipitação acumulada, diferente da classificação que mostrou que a monocultura (implantação anterior à criação da UC) e os tanques de carcinicultura (implantação em 2001) aumentaram acentuadamente até 2016, com um recuo na vegetação a sul associado à monocultura nas duas áreas de conservação, com maior expansão na APA Mamanguape. Em relação a análise diatomológica, os doze pontos de amostragem foram predispostos de acordo com a presença de modificações antrópicas (tanques de carcinicultura, presença de resíduos sólidos e ausência desses fatores), em dois períodos distintos um de maior vazão do estuário e um de menor vazão (estiagem e enchente). A vazante foi obtida no site da ANA através do software HidroWeb que disponibiliza os dados fluviométricos. Foram coletados in situ Oxigênio Dissolvido (OD), temperatura da água e do ar, condutividade elétrica, transparência da água (Seccli) e pH e amostras de água superficial para posterior análise de fósforo total (Pt) e ortofosfato (Orto-P). Amostras de sedimento foram obtidas para análises de Pt, Orto-P, Matéria Orgânica e diatomáceas. Detectou-se 47 táxons de diatomáceas distribuídos nos dois hidroperíodos, sendo a região de maior riqueza a ZM caracterizada por vegetação de mangue e sedimento composto de silte e argila. Não houve grandes alterações de táxons nos dois períodos analisados, com exceção da Seminavis cf. robusta., Pleurosigma aestuari, Cocconeis sp. e Grammatophora sp. encontrada apenas no período de maior vazão. As espécies que estiveram presentes em todas as Zonas foram Cocconeis sp., Diploneis cf. bombus e Diploneis sp. Para ZM foram registradas altas disponibilidades de Pt, tanto na água, como no sedimento, e alta abundância de espécies de diatomáceas. Em conclusão: i) o índice de classificação foi mais eficaz na compreensão das diferentes paisagens e de alterações nas UCs, indicando mudanças na estrutura vegetação e avanço de atividades com finalidades econômicas; ii) a região de manguezal (ZM) tem atuado como filtro de nutrientes e de diatomáceas advindos tanto do continente, como oceânicas, bem como das áreas de tanques de carcinicultura continentais.
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NÚBIA DA SILVA
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DINÂMICA DE GRUPOS FUNCIONAIS DO FITOPLANCTON EM LAGOS COM DIFERENTES ESTADOS DE EQUILÍBRIO
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Data: 31/08/2016
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Hora: 09:00
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Mudancas no estado de equilibrio de lagos rasos podem ser induzidas por oscilacoes no nivel de agua, promovendo modificacoes no estado trofico, estrutura e dinamica de comunidades de macrofitas e fitoplancton. A partir da analise temporal de dois lagos rasos com distintos estados de equilibrio, o presente estudo teve como objetivos: i) avaliar a estrutura e dinamica de grupos funcionais do fitoplancton (GFs) ao longo de um gradiente de cobertura de macrofitas e suas relacoes com as variaveis ambientais em lago pequeno e raso de aguas claras (Paraiba-Brasil) e, ii) avaliar a composicao e estrutura de grupos funcionais fitoplanctonicos em lagos com diferentes estados de equilibrio (aguas claras e aguas turbidas). As principais perguntas associadas foram: i) Existem diferencas na composicao e estrutura de GFs em gradiente de cobertura macrofitas? e, ii) A composicao e estrutura dos grupos funcionais respondem as diferencas na estrutura e estados de equilibrio dos lagos rasos? Coletas de agua foram feitas para analise fisica, quimica e biologica no periodo de agosto 2014 a junho 2015. No lago aguas claras (Santa Lucia) os valores de transparencia foram altos (≥ 1) em todo o periodo estudado, o pH se manteve alcalino, as temperaturas variaram entre 27°C a 34 °C. Foi verificada diferencas temporais nas variaveis limnologicas apenas em 2015, enquanto na escala espacial a biomassa total nao mostrou diferenca significativa (p≥1). No entanto, a composicao especifica dos GFs respondeu a alta heterogeneidade ambiental presente (expressa pela cobertura de macrofitas) indicando flutuacao espaco-temporal na composicao indicada pela analise de correspondencia canonica (CCA). A CCA mostrou que o pH (≤0,05), a temperatura da agua (≤0,01), fosforo total (≤0,07) e ortofosfato (≤0 05) influenciaram a dinamica de grupos funcionais N, K, S1, X1, W2, TD, SN, P. O lago de aguas turbidas (Lagoa do Pao) apresentou valores muito baixos de transparencia e zona eufotica (≤1), indicadores de limitacao por luz, e altos valores de fosforo revelando o potencial de eutrofizacao. Esse cenario contrastante com Santa Lucia indicou estrutura e composicao dos grupos funcionais distintos, com apenas cinco grupos funcionais comuns: K, S1, X1, W2 e P. Entre os grupos funcionais exclusivos na Lagoa do Pao alguns foram compostos por cianobacterias potencialmente toxicas (SN, F, LO, D, H1), nao encontrados em Santa Lucia, indicador de que a cobertura de macrofitas submersas pode funcionar como inibidora da dominancia dessas especies. A CCA mostrou uma nitida separacao entre os ambientes, estando os grupos TD, N, W2 e S1 relacionados a Santa lucia, tipicos de aguas claras. Ja Lagoa do Pao, o pH, a temperatura, concentracoes de fosforo, coeficiente de atenuacao de luz influenciaram a ocorrencia de H1,SN,S1,W2,X1,D,LO, em sua maioria representados por cianobacterias comuns em ambientes eutroficos. Portanto, a estrutura e composicao dos grupos funcionais respondeu de acordo com as caracteristicas dos ambientes estudados, mostrando que lagos rasos com diferentes estados de equilibrio podem compartilhar grupos funcionais semelhantes. O presente estudo corrobora dados historicos de que a cobertura de macrofitas pode funcionar como controladora de floracoes de cianobacterias, sendo os possiveis mecanismos associados a alelopatia, a diminuicao na ressuspencao do sedimento, a absorcao de nutrientes como fosforo, entre outros.
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EDNA SAMARA E SILVA MEDEIROS
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PREDIZENDO RIQUEZA DE ESPÉCIES DE PLANTAS COM IMAGENS DE SATÉLITE, NO MAIOR NÚCLEO DE FLORESTAS SECAS DA AMÉRICA DO SUL
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Data: 30/08/2016
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Hora: 14:00
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A avaliação da biodiversidade tem sido reconhecida como indicadora da saúde dos ecossistemas por várias iniciativas em todo o mundo. Os dados de sensoriamento remoto por satélite (SRS) têm apresentado ferramentas capazes de auxiliar a busca prática de informações relativas à diversidade vegetal. Com essa perspectiva, esse trabalho teve por objetivo verificar se variáveis espectrais provenientes do satélite Landsat podem ser usadas como indicadores de diversidade de espécies de plantas na Caatinga, o maior núcleo de florestas secas da América do Sul. Para obtenção dos dados de diversidade vegetal (riqueza e índice de Shannon), foi realizada uma busca exaustiva de trabalhos fitossociológicos realizados na área de estudo. Para avaliar a existência de associação entre as variáveis espectrais e a diversidade vegetal, foram feitas análises de Correlação de Pearson. Regressões foram realizadas para verificar os melhores modelos de explicação da riqueza de espécies. Os resultados indicam que existe uma associação alta e positiva entre a riqueza e a banda do infravermelho próximo (R=0,744; P < 0,001). Essa variável espectral pode ser usada como indicadora da riqueza de espécies a partir das funções de regressão potencial e quadrática (R²=0,61 e R²=0,56 p <0,001, respectivamente). Assim, conclui-se que o potencial do uso do satélite Landsat para estimar riqueza de espécies em florestas secas da América do Sul reside principalmente na banda do infravermelho próximo, possibilitando avaliar a biodiversidade em múltiplas escalas e fornecendo uma fonte contínua de informações para seu monitoramento.
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LEONARDO OLIVEIRA SILVA
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COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA ICTIOFAUNA DULCÍCOLA DA BACIA DO RIO MAMANGUAPE, PARAÍBA, BRASIL
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Data: 30/08/2016
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Hora: 10:00
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A América do Sul constitui a área de maior riqueza íctica da região Neotropical, a ictiofauna mais rica do mundo. A periferia da América do Sul, no entanto, é caracterizada por uma baixa riqueza íctica, incluindo as regiões semiáridas do continente, como o domínio da Caatinga. A bacia do rio Mamanguape está situada nesse contexto, suas nascentes e porção média correm em área de domínio das caatingas de mais úmida a mais secas, e sua porção baixa corre em área de Mata atlântica. Em decorrência, o curso principal, nas porções alta e baixa, e grande parte dos afluentes são intermitentes. O estudo objetiva descrever a composição da fauna de peixes de água doce da bacia do Mamanguape e avaliar a distribuição espaço-temporal das espécies registradas, assim como das variáveis ambientais associadas ao seu curso principal. Para tal, o desenho amostral foi estabelecido através da distribuição de pontos fixos de coleta estacionais (seca e cheia) nos três trechos do rio principal (Alto, Médio e Baixo), seis pontos por trecho, totalizando 18 pontos fixos, e a aplicação de metodologia AquaRap nos afluentes, com intuito de cobrir a bacia o mais amplamente possível, dentro dos limites de condições do estudo (20 pontos adicionias). Os 38 pontos de coleta foram visitados entre Agosto de 2015 e Março de 2016. Os exemplares foram coletados com uso de redes de arrasto, tarrafa e puçá, sendo o número de lances para cada instrumento padronizado nos pontos fixos; a padronização das coletas realizadas nos afluentes seguiu o estabelecido pela metodologia AquaRap; dados secundários obtidos da Coleção Ictiológica da UFPB (única que possui espécimes oriundos da bacia do Mamanguape), foram incluídos na construção da Lista Sistemática da ictiofauna da bacia do Mamanguape. Descritores ambientais foram tomados em cada ponto fixo, na seca e cheia, a fim de testá-los como possíveis preditores da distribuição da ictiofauna. As análises estatísticas foram feitas no programa PAST e no software R. Foram registradas 29 espécies em campo e duas a partir de levantamento secundário, somando 31 espécies de peixes distribuídas em 26 gêneros, 16 famílias e seis ordens. Destas, uma se encontra ameaçada de extinção (Apareiodon davisi) e três são introduzidas (Poecilia reticulata, Cichla cf. monóculos e Oreochromis niloticos). A análise de Componentes Principais (PCA) evidenciou uma variação marcante dos descritores ambientais entre os períodos de seca e cheia, porém revelou que, considerando-se a variação destas no eixo longitudinal do rio, somente no trecho Alto se verificaram diferenças significativas, quando comparado aos trechos Médio e Baixo, que foram similares entre si. Do total de espécies registrado, 28 foram registradas no curso principal da bacia. Uma maior dominância (abundância) de espécies foi registrada no período de cheia, e a maior diversidade no período de seca. A análise de ordenação a partir de Escalonamento Multidimensional Não-métrico (nMDS) indicou que não existe variação significativa na composição da fauna, entre os períodos de seca e cheia, mas evidenciou diferenças desta entre os três trechos do rio, algo também demonstrado pelos indicies ecológicos utilizados. A altitude, a velocidade da correnteza e o oxigênio dissolvido influenciaram significativamente a distribuição da ictiofauna, segundo a Análise Canônica de Redundância (RDA). A escala temporal aqui considerada não oferece base para se avaliar distinções da ictiofaua entre os períodos amostrados. As diferenças espaciais na composição de espécies remetem à existência de heterogeneidade ambiental entre os diferentes trechos do rio. Recomenda-se a realização de trabalhos que possam considerar outras escalas aqui não verificadas, de forma que se possam propor medidas de ações conservacionistas para a ictiofauna da bacia estudada.
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CAYO LIMA GOMES DA SILVA
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DENSIDADE E USO DE HABITAT DE PSITACÍDEOS NA ÁREA DE OCORRÊNCIA HISTÓRICA DA EXTINTA ARARINHA-AZUL
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Data: 30/08/2016
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Hora: 09:00
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O tamanho corporal tem sido apontado como provavel variavel que explica a abundancia das especies em diferentes linhagens e diferentes escalas. Esse conhecimento sobre fatores que influencia a densidade populacional juntamente com uso de habitat pode auxiliar programas de conservacao de especies, como na escolha de potenciais sitios de reintroducao. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar a tendencia entre a abundancia, o tamanho corporal e uso de habitat de psitacideos em uma area com grande importancia conservacionista na Caatinga, devido os interesses de reintroducao da extinta Cyanopsitta spixii. Transectos lineares foram utilizados para obtencao de registros de quatro especies de psitacideos, cujas densidades e abundancias foram estimadas no programa DISTANCE 6.0. Com intuito de observar a relacao das especies com o habitat, utilizamos o indice vegetacional Soil Ajusted Vegetation Index (SAVI) relativo aos pontos de ocorrencia de cada umas das especies, durante as observacoes nos transectos. Uma analise de variancia com o teste de Tukey foram utilizados a fim de identificar onde estao possiveis diferencas entre o uso de habitats de cada especie, apontados pelo SAVI. A especie com maior abundancia foi Epsittula cactorum com 391 individuos, seguida por Primolius maracana (N = 297), Thectocercus acuticaudatus (N = 256) e por fim, Amazona aestiva (N = 235). Observamos, portanto, que abundancia pode ser predita pela massa corporea das especies na area de estudo. Do mesmo modo, podemos observar que a massa corporea das especies tambem predizem fortemente (R2 = 0.91 p=0,0049) a amplitude da distribuicao geografica. Por outro lado, essa predicao nao e similar quando observada a area de ocorrencia em escala local (R2 = 0.423 p= 0,0597). Registramos uma variacao significativa nos valores do indice de vegetacao (SAVI) entre os pontos de registros das quatro especies (F= 7,9966, p = 0,0049). Os valores foram significativamente maiores nos pontos de registro de P. maracana, indicando uma maior relacao da especie com uma cobertura vegetal arborea e/ou mata ciliar. Nossos resultados descrevem preditores da abundancia das especies, bem como os habitats adequados delas, como importantes informacoes para atividades de conservacao na area de estudo, inclusive em atividades do projeto de reintroducao de Cyanopsitta spixii.
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WYLDE DA LUZ VIEIRA
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EFEITO DAS FLUTUAÇÕES CLIMÁTICAS DO QUATERNÁRIO SOBRE A DEMOGRAFIA HISTÓRICA E DISTRIBUIÇÃO DE HEMITRICCUS MIRANDAE: UMA AVE ENDÊMICA DE ENCLAVES FLORESTAIS ÚMIDOS EM UMA REGIÃO SEMIÁRIDA
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Data: 29/08/2016
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Hora: 09:00
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Dentre as alternativas que podem explicar a alta diversidade em florestas na
America do Sul, cita-se a hipotese dos refugios florestais. No interior da regiao nordeste
do Brasil, essa hipotese e usada para explicar a existencia de enclaves de floresta umida
em meio a regiao semiarida. Nos descrevemos nesse trabalho aspectos da estrutura
genetica e demografia historica de populacoes de uma especie endemica desses
enclaves, Hemitriccus mirandae, bem como usamos paleodistribuicao climaticamente
potencial, para verificar a influencia das ultimas flutuacoes maximas do Quaternario em
H. mirandae. Usamos ferramentas filogeograficas com genes mitocondriais e nucleares
e o algoritimo MAXENT nas nossas analises. A rede de haplotipos proveniente dos
genes mitocondrial e nuclear nao apresentaram estruturacao genetica congruente com a
distribuicao da especie. Tambem nao foram observados sinais de expansao populacional
de H. mirandae durante os ultimos 150 mil anos. Foram encontradas variacoes na
distribuicao potencial da especie entre os maximos interglacial, glacial, Holoceno
Medio e o presente. Esses resultados sugerem probabilidade de extincao de populacoes
de H. mirandae em montanhas localizadas entre a distribuicao disjunta atual da especie,
bem como apontam que as areas de ocorrencia atual correspondem a areas
climaticamente estaveis durante as ultimas flutuacoes maximas do Quaternario. H.
mirandae pode ser apontado como um bioindicador para monitoramento dessas areas
florestais, como forma de entender a influencia de alteracoes do clima sobre os
ameacados enclaves florestais umidos localizados na regiao semiarida do nordeste
brasileiro.
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MARCELLO ROLANDO SANTOS BORGES DA CÂMARA MATOS
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A IMPORTÂNCIA DOS NAUFRÁGIOS MARINHOS PARA A CONSERVAÇÃO DE PEIXES DA COSTA DA PARAÍBA
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Data: 29/02/2016
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Hora: 15:00
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A despeito da grande variedade e abundância de peixes presentes nos naufrágios, pouco se sabe
sobre o papel destes habitats artificiais como repositórios da biodiversidade. Os objetivos principais deste estudo foram 1) produzir uma lista das espécies de peixes ocorrentes nos três naufrágios mais conhecidos da costa paraibana nos períodos diurno e noturno, 2) identificar as espécies mais comuns e mais raras, incluindo as ameaçadas de extinção, e 3) comparar a riqueza de espécies e a composição taxonômica das comunidades em resposta a um gradiente de complexidade estrutural nos períodos diurno e noturno. O inventário foi baseado em técnicas de censo visual subaquático com registro das espécies em câmera de vídeo de alta definição. Para a compilação da lista de espécies ocorrentes nos três naufrágios foram utilizadas imagens selecionadas arbitrariamente obtidas entre janeiro e julho de 2015, sendo 1 h por naufrágio e período (diurno e noturno). Para a análise da riqueza de espécies e composição taxonômica das comunidades em relação a um gradiente de complexidade e à variação nictemeral, foram estabelecidas três parcelas com aproximadamente 25 m2 cada, sendo classificadas como mais complexa (i.e. substrato consolidado com alto grau de complexidade estrutural), menos complexa (i.e. substrato consolidado com baixo grau de complexidade) e áreas controle (i.e. fundo inconsolidado). Em cada parcela foi realizado um censo visual subaquático com registro em vídeo de alta definição nos períodos diurnos e noturnos, por 7 minutos, sendo os dois primeiros minutos destinados para registro de espécies altamente móveis e os cinco minutos restantes para o registro de espécies crípticas, totalizando 36 imersões e 252 minutos de imagens. Foram identificadas 72 espécies pertencentes a 34 famílias, incluindo três espécies ameaçadas de extinção, 56 espécies no Queimado, 42 no Alvarenga e 33 no Alice. Em relação à variação nictemeral houve uma redução de 43,8% a 61,8% do número de espécies observadas durante o período noturno, dependendo do naufrágio. Cerca de 79% (53 spp) das 67 espécies registradas ao longo do gradiente de complexidade estrutural foram observadas nas áreas mais complexas, 67% (45 spp) nas menos complexas e 42% (28 spp) nas áreas controle. As áreas mais e menos complexas apresentaram comunidades mais semelhantes entre si, em termos de
riqueza e composição taxonômica, do que entre elas e as áreas controle. O efeito da complexidade sobre a estrutura das comunidades foi atenuado durante o período noturno quando a riqueza de espécies caiu pela metade e a composição mudou drasticamente, sugerindo uma interação clara entre a heterogeneidade espacial criada pelas embarcações naufragadas e o ciclo nictemeral das espécies. A grande maioria das espécies (57 spp) foi classificada como bentônicas, sendo apenas 10 classificadas como pelágicas. O habito alimentar mais comum foi carnívoro generalista (23 spp), seguido dos que se alimentam de invertebrados móveis (16 spp.) que somados representaram 58,2% do total das espécies. Nossos resultados demonstram a alta diversidade de peixes dos três naufrágios analisados, revelando que as embarcações abrigam pelo menos cerca da metade da ictiofauna citada para os ecossistemas recifais da Paraíba. A variação nictemeral afeta as comunidades destes habitats artificiais, reduzindo a riqueza e alterando a composição taxonômica. Como esperado pela hipótese da heterogenidade-diversidade, o substrato duro presente nas áreas mais e menos complexas mostrou ter influência positiva na riqueza e composição das comunidades. As áreas controle com fundo inconsolidado, embora mais pobres em espécies, possuem uma ictiofauna particular, bastante variável, cuja relação com o naufrágio adjacente precisa ser melhor entendida. A redução do efeito
da complexidade estrutural sobre a riqueza de espécies durante a noite indica uma segregação
temporal no uso do habitat por grande parte das espécies e sugere que os naufrágios, ainda que
sejam habitats artificiais, não são meros habitats suplementares para a ictiofuana local, sendo
essenciais (complementares) para a conservação de peixes da região. Os naufrágios também
demonstraram grande aptidão para o desenvolvimento de atividades turísticas de baixo impacto pela exuberância da vida marinha assim como importância histórica e singularidade das estruturas. Atividades de turismo contemplativo pautado na legislação vigente e boas práticas ambientais como o mergulho recreativo para observação de tubarões e tartarugas marinhas, e a possibilidade de em qualquer mergulho nos naufrágios o visitante se deparar com pelo menos 30 espécies de peixes, podem ajudar a utilizar corretamente o rico patrimônio biológico da costa paraibana e conciliar conservação biológica com desenvolvimento socioeconômico.
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AMANDA DE SOUZA SANTOS
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BIOLOGIA REPRODUTIVA E CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES SIMPÁTRICAS DE Croton L. (Euphorbiaceae)
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Data: 29/02/2016
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Hora: 14:00
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O gênero Croton frequentemente apresenta-se nas comunidades vegetais com diversas espécies simpátricas sem clara evidência de hibridização interespecífica. Com o objetivo de avaliar a existência de barreiras de isolamento reprodutivo e o potencial de hibridização entre essas espécies, foram avaliados diferentes aspectos da biologia reprodutiva de três espécies simpátricas de Croton (C. heliotropiifolius, C. jacobinensis e C. urticifolius), em três populações diferentes, através de mecanismos de isolamento reprodutivo pré-zigóticos (sincronia de floração, biologia floral e visitantes florais de cada espécie), como pós-zigóticos (formação de sementes após experimentos de polinização controlada e análises citogenéticas). Foram analisados também os cariótipos de mais 12 espécies do gênero, e levantados todos os números cromossômicos previamente conhecidos, e analisados num contexto filogenético, a fim de identificar o número básico ancestral. A fenologia reprodutiva das espécies variou entre as população, porém foi possível observar um grau significativo de sincronia floral das espécies dentro das populações. Compartilham polinizadores, sendo as espécies mais frequentemente observadas: Apis sp., e Trigona sp., que visitam as flores à procura de néctar. São autocompatíveis, com formação elevada de frutos, sem diferenças significativas com relação à formação de frutos naturais e intraespecíficos. Esses resultados apontam fracas barreiras reprodutivas pré-zigóticas para essas espécies simpátricas de Croton. Por outro lado, essas espécies são intercompatíveis com formação de frutos interespecíficos, o que sugere a ocorrência de uma barreira de isolamento reprodutivo pós-zigótica incompleta, possibilitando a formação de híbridos interespecíficos. As três espécies também apresentam número cromossômico 2n = 20, mas com diferentes padrões de heterocromatina. Diferenças cariotípicas em número e estrutura cromossômica geralmente constituem eficientes barreiras de isolamento reprodutivo pós-zigótico. Esses resultados associados com o estudo da germinação das sementes ainda em andamento, sugerem a necessidade de uma melhor investigação nas barreiras de isolamento reprodutivo pós-zigotico para espécies simpátricas de Croton. Dentre as demais espécies do gênero analisadas citogeneticamente, a maioria também apresentou 2n = 20, exceto uma população de Croton pulegioides (2n = 22) e C. limae (2n = ca.100). Cinco das espécies analisadas não possuíam registros prévios de contagens cromossômicas, C. limae (2n = ca.100), C. rudolphianus, C. tricolor, C. adamantinus, e C. grewioides (2n = 20, respectivamente). Todas as espécies apresentaram duas bandas heterocromáticas CMA+/DAPI maiores, localizadas nos terminais dos braços curtos de um par cromossômico correspondente a RON, exceto C. rudolphianus, C. urticifolius e C. sellowii, que tiveram a RON foi proximal. Todas as espécies apresentaram regiões distais de todos os braços cromossômicos (exceto as RONs), fortemente corados com DAPI. As análises de filogenia molecular combinadas com registros de contagens cromossômicas mostram que o número básico x = 10 aparece como o mais provável ancestral do gênero. Embora algumas espécies apresentem números básicos diferentes de x = 10, como C. xalapensis (x = 32), C. ruizianus (x = 8) e C. sarcopetalus (x = c.60), estes números não obtiveram valores significativos de Proportional Likelihoods para o número básico ancestral do gênero.
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LARISSE BIANCA SOARES PEREIRA
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MORFOANATOMIA FOLIAR DE TRÊS ESPÉCIES DE BAUHINIA L. E SCHNELLA
OUTIMOUTA (AUBLET) WUNDERLIN (CERCIDEAE FABACEAE), E ANÁLISE
CITOGENÉTICA DE BAUHINIA CHEILANTHA (BONG) STEUD. E BAUHINIA
UNGULATA L.
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Data: 26/02/2016
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Hora: 14:00
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Bauhinia e Schnella, são gêneros representantes da subtribo Bauhiniinae no Brasil. O gênero
Bauhinia é pantropical, com cerca de 160 espécies, das quais 57 ocorrem no Brasil, sendo 35
endêmicas. Schnella é neotropical com 47 espécies, sendo 33 encontradas no Brasil, com 17
endêmicas. As espécies desses gêneros são popularmente usadas como medicinais,
principalmente contra o diabetes e conhecidas como pata-de-vaca, devido ao formato de suas
folhas bilobadas. Além disso, Schnella também é utilizada contra diarreias e sífilis em outros
países sul americanos. Este trabalho teve como objetivo um estudo da morfoanatomia foliar das
três espécies de Bauhinia: Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., B. pentandra (Bong.) Vogel ex
Steud., B. ungulata L., e Schnella outimouta (Aublet) Wunderlin, complementado por um
estudo citogenético de B. cheilantha e B. ungulata, como subsídio à taxonomia do grupo.
Estudos anatômicos foliares foram realizados em amostras frescas e fixadas, e também em
amostras secas, após hidratação, seguindo as técnicas usuais para anatomia, analisadas e
ilustradas ao microscópio óptico. Os estudos citogenéticos foram realizados em raízes de um
indivíduo de cada espécie, pela técnica de bandeamento, com os fluorocromos 4',6-Diamidino-
2-Phenylindole (DAPI) e Chromomycin (CMA), que formam as bandas DAPI/CMA+ ou
DAPI+/CMA-. Observou-se que as espécies estudadas compartilham os seguintes caracteres:
folhas bilobadas, mesofilo dorsiventral, hipofilo papiloso, estômatos anomocíticos ao nível da
epiderme, pulvino distal, e tricomas tectores. Observou-se que Schnella outimouta distingue-se
das espécies de Bauhinia por ser hipoestomática, com epiderme adaxial glabra, nervura
principal com dois feixes colaterais e pecíolo circular. As espécies de Bauhinia são
anfiestomáticas, com epiderme pilosa em uma ou nas duas faces, com glândulas naviculares,
nervura principal com único feixe, e pecíolo com projeções laterais. Nas análises citogenéticas
B. cheilantha e B. ungulata, apresentaram cariótipos simétricos, com 2n = 28, sem apresentar
bandas DAPI+, portanto, desprovidas de regiões heterocromáticas ricas em AT. Por outro lado,
bandas subterminais ricas em GC foram observadas nos braços cromossômicos curtos nos
cariótipos das duas espécies. Entretanto, B. ungulata diferenciou-se por possuir seis bandas
terminais CMA+/DAPI, enquanto B. cheilantha apresentou apenas quatro bandas. O uso da
coloração com os fluorocromos base específicos CMA e DAPI, permitiu uma clara
diferenciação cromossômica entre as duas espécies, apesar de serem de difícil delimitação
taxonômica em estágio vegetativo. Os resultados obtidos forneceram parâmetros citogenéticos
e anatômicos, até então inexistentes, que são distintivos para as espécies de Bauhinia,
especialmente com relação à anatomia da epiderme e seus anexos, vascularização da nervura,
formato dos bordos e pecíolos, que foram diagnósticos para os gêneros Bauhinia e Schnella,
corroborando com o atual tratamento de Bauhiniinae, que segregam as espécies de Bauhinia e
Schnella.
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LUCINALVA AZEVEDO DOS SANTOS
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CULTIVO IN VITRO E ACLIMATIZAÇÃO DE Epidendrum cinnabarinum Salzm. ex Lindl. (ORCHIDACEAE) UMA ESPÉCIE COM INTEGRIDADE GENÉTICA AMEAÇADA: UMA ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO
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Data: 24/02/2016
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Hora: 09:00
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A espécie objeto desse estudo, Epidendrum cinnabarinum Salzm, além de possuir grande potencial ornamental, possui uma distribuição disjunta entre afloramentos rochosos da Região Nordeste, com pequenas populações caracterizadas por grandes diferenças genéticas interpopulacionais, o que torna a integridade genética da espécie ameaçada. Técnicas de cultivo in vitro propiciam obter uma grande quantidade de mudas em espaço e tempo reduzido, podendo ser empregada em projetos de recolonização da espécie ou para fins comerciais. Dentre os componentes dos meios de cultura, a sacarose é um componente muito importante no meio de cultura in vitro servindo como fonte de carbono e energia. Em nosso trabalho foi utilizado o meio 1/2MS com cinco diferentes concentrações sacarose: 0,0g.L-1; 10,0g.L-1; 20,0g.L-1; 30,0g.L-1 e 40,0g.L-1 de sacarose. Aos 10 dias de inoculação foi avaliada a germinação e aos 80 dias avaliou-se a formação de primórdio foliares nos protocormos; aos 270 dias de inoculação foram avaliadas: número de folhas, números de raízes, comprimento de maior raiz, comprimento da parte aérea, diâmetro de caule, número de plântulas e número total de protocormos. Para a aclimatização plântulas oriundas do desenvolvimento in vitro nas referidas concentrações de sacarose foram transplantas para vasos contendo vermiculita e esfagno na proporção de 1:1, compondo 5 tratamentos com cinco repetições e dez plântulas em cada parcela. Aos 45 dias de aclimatização as plantas foram avaliadas quanto à taxa de sobrevivência, número de folhas, números de raízes, comprimento de maior raiz, comprimento da parte aérea, diâmetro de caule e comprimento de maior folha. Não houve germinação na concentração de 0,0g.L-1 de sacarose. As demais concentrações de sacarose apresentaram germinação e formação de primórdios foliares. A concentração de 40,0g.L-1 de sacarose apresentou os melhores resultados para a maioria das variáveis avaliadas, além de promover melhor aclimatização nas plântulas de E. cinnabarinum. Conclui-se que o desenvolvimento in vitro e ex vitro de E. cinnabarinum foi fortemente e positivamente influenciado pela concentração de sacarose no meio de cultura para todas as variáveis analisadas, com melhores resultados nas concentrações de 30,0g.L-1 e 40,0g.L-1 de sacarose.
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