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JANAINA FRANCIELE CAMARGO
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OS GESTOS NA COMUNICAÇÃO MÃE-BEBÊ: UM ESTUDO LONGITUDINAL
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Data: 28/02/2013
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Hora: 14:00
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RESUMO: O presente estudo teve como objetivo principal analisar a comunicação não
verbal de díades mãe-bebê durante o primeiro ano de vida da criança, especificamente
aos seis, nove e 12 meses de idade. Para tanto, foram verificadas as frequências com
que mães e bebês utilizaram os gestos dêiticos e representativos em cada um dos
períodos evolutivos, bem como as respostas maternas aos gestos comunicativos do bebê
e os contextos em que foram observados. Além disso, foram analisadas as atribuições
de significado maternas relativas aos gestos e demais comportamentos comunicativos
do bebê, como choro, sorrisos e direção do olhar. Segundo a Perspectiva da Interação
Social dos Estudiosos da Linguagem, aporte teórico adotado por este estudo, o
desenvolvimento da linguagem da criança ocorre por meio de interações estabelecidas
com o adulto desde as idades iniciais. Considerando-se os bebês como ativos desde o
seu nascimento, estas interações são concebidas como bidirecionais, de modo que
ambos os constituintes da díade atuam na modificação do contexto e dos
comportamentos um do outro. Participaram do estudo seis díades, sendo quatro bebês
meninos e duas meninas. As seis díades foram filmadas longitudinalmente aos seis,
nove e 12 meses de idade do bebê, sendo duas filmagens em cada período evolutivo,
totalizando 36 observações. Cada filmagem continha 20 minutos de observação da
díade em situação de brincadeira livre e, deste total, foram transcritos dez minutos,
desconsiderando-se os cinco minutos iniciais e os cinco minutos finais. A análise das
filmagens foi feita por meio da transcrição literal das falas e vocalizações da díade, bem
como da descrição detalhada do ambiente e dos comportamentos da mãe e do bebê
durante as sessões de observação. Este procedimento permitiu que, além do
estabelecimento de categorias de gestos representativos e dêiticos e da posterior
contagem de suas frequências, fosse realizada uma análise minuciosa dos contextos em
que tais gestos foram utilizados. Os resultados demonstraram que, em especial aos nove
meses, ocorrem mudanças, de modo que o gesto dêitico de alcançar deixa de ser única
categoria utilizada pela criança e passa a ser substituído pelo gesto de apontar. Foi
verificado também que os gestos representativos, tanto convencionais quanto de objeto,
foram observados apenas a partir desta idade. Os gestos dêiticos mais utilizados no
estabelecimento e manutenção de episódios interativos foram o de alcançar, por parte
dos bebês, e o de mostrar, por parte das mães. Além disso, comportamentos como
choro, sorrisos e direção do olhar, que fazem parte da base da comunicação pré-verbal
da criança, mostraram-se bastante eficazes para a mudança da conduta materna.
Observou-se, portanto, que as mães ajustaram o seu comportamento de acordo com as
características dos bebês, de modo que mudanças nos gestos da criança ao longo do seu
desenvolvimento foram acompanhadas por mudanças nos gestos e nas atribuições
maternas. Tais resultados são relevantes no sentido que contribuem para um maior
conhecimento acerca da comunicação gestual mãe-bebê e do seu papel no
desenvolvimento linguístico da criança.
O presente estudo teve como objetivo principal analisar a comunicação nãoverbal de díades mãe-bebê durante o primeiro ano de vida da criança, especificamenteaos seis, nove e 12 meses de idade. Para tanto, foram verificadas as frequências comque mães e bebês utilizaram os gestos dêiticos e representativos em cada um dosperíodos evolutivos, bem como as respostas maternas aos gestos comunicativos do bebêe os contextos em que foram observados. Além disso, foram analisadas as atribuiçõesde significado maternas relativas aos gestos e demais comportamentos comunicativosdo bebê, como choro, sorrisos e direção do olhar. Segundo a Perspectiva da InteraçãoSocial dos Estudiosos da Linguagem, aporte teórico adotado por este estudo, odesenvolvimento da linguagem da criança ocorre por meio de interações estabelecidascom o adulto desde as idades iniciais. Considerando-se os bebês como ativos desde oseu nascimento, estas interações são concebidas como bidirecionais, de modo queambos os constituintes da díade atuam na modificação do contexto e doscomportamentos um do outro. Participaram do estudo seis díades, sendo quatro bebêsmeninos e duas meninas. As seis díades foram filmadas longitudinalmente aos seis,nove e 12 meses de idade do bebê, sendo duas filmagens em cada período evolutivo,totalizando 36 observações. Cada filmagem continha 20 minutos de observação dadíade em situação de brincadeira livre e, deste total, foram transcritos dez minutos,desconsiderando-se os cinco minutos iniciais e os cinco minutos finais. A análise dasfilmagens foi feita por meio da transcrição literal das falas e vocalizações da díade, bemcomo da descrição detalhada do ambiente e dos comportamentos da mãe e do bebêdurante as sessões de observação. Este procedimento permitiu que, além doestabelecimento de categorias de gestos representativos e dêiticos e da posteriorcontagem de suas frequências, fosse realizada uma análise minuciosa dos contextos emque tais gestos foram utilizados. Os resultados demonstraram que, em especial aos novemeses, ocorrem mudanças, de modo que o gesto dêitico de alcançar deixa de ser únicacategoria utilizada pela criança e passa a ser substituído pelo gesto de apontar. Foiverificado também que os gestos representativos, tanto convencionais quanto de objeto,foram observados apenas a partir desta idade. Os gestos dêiticos mais utilizados noestabelecimento e manutenção de episódios interativos foram o de alcançar, por partedos bebês, e o de mostrar, por parte das mães. Além disso, comportamentos comochoro, sorrisos e direção do olhar, que fazem parte da base da comunicação pré-verbalda criança, mostraram-se bastante eficazes para a mudança da conduta materna.Observou-se, portanto, que as mães ajustaram o seu comportamento de acordo com ascaracterísticas dos bebês, de modo que mudanças nos gestos da criança ao longo do seudesenvolvimento foram acompanhadas por mudanças nos gestos e nas atribuiçõesmaternas. Tais resultados são relevantes no sentido que contribuem para um maiorconhecimento acerca da comunicação gestual mãe-bebê e do seu papel nodesenvolvimento linguístico da criança.
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CIBELE SHIRLEY AGRIPINO RAMOS
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AUTISMO E SÍNDROME DE DOWN: CONCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE DIFERENTES ÁREAS
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Data: 28/02/2013
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Hora: 10:00
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Considerando a influência das concepções que os indivíduos têm sobre
determinado fenômeno nas suas ações em relação a este, objetivou-se, com o presente estudo,
analisar as concepções de profissionais de diferentes áreas do conhecimento acerca do
autismo e da síndrome de Down, tanto daqueles com experiência quanto sem experiência no
trabalho com esses indivíduos. Participaram do estudo 75 profissionais distribuídos nos
seguintes grupos: psiquiatras, neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos, pedagogos e professores. Foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com os profissionais, as quais abordavam questões
referentes à caracterização do autismo e da síndrome de Down, ao desenvolvimento desses
indivíduos, às formas de intervenção a serem utilizadas, à inserção dos indivíduos com essas
síndromes em escolas regulares e aos principais desafios relacionados ao trabalho com esses
indivíduos e com suas famílias. As entrevistas foram transcritas literalmente e submetidas à
técnica de Análise de Conteúdo Categorial-Temática, proposta por Bardin. Percebeu-se que a
concepção do autismo como um transtorno do desenvolvimento que envolve uma tríade de
prejuízos e que é caracterizado por um espectro de condições prevaleceu dentre aqueles
profissionais com experiência com esses indivíduos, principalmente nas áreas da Psiquiatria,
Psicologia e Terapia Ocupacional, enquanto aqueles sem experiência destacaram
principalmente as dificuldades relacionadas à interação, sobretudo os fisioterapeutas, as
professoras e os educadores físicos. Quanto à síndrome de Down, a maior parte dos
participantes, tanto aqueles com experiência quanto sem experiência no trabalho com tais
pessoas, referiu-se às características físicas, o que foi mencionado por profissionais de todas
as especialidades. Embora tenham considerado os prejuízos que podem estar presentes no
autismo e na síndrome de Down, observou-se que, de uma forma geral, os participantes
demonstraram também ter concepções positivas em relação a essas síndromes, ao
reconhecerem as capacidades que tais indivíduos podem desenvolver e salientarem também
as suas particularidades, a despeito do fato de terem uma síndrome. Os profissionais, em
geral, apontaram para o papel do acompanhamento por parte da família, da escola e dos
profissionais envolvidos na intervenção, sobretudo de uma equipe multidisciplinar, na
promoção do desenvolvimento das pessoas com autismo e com síndrome de Down. Quanto à
inclusão escolar, houve mais profissionais favoráveis à inserção de pessoas com síndrome de
Down nas escolas da rede regular de ensino do que daquelas com autismo. Ainda que tenham
citado as dificuldades em lidar com tais pessoas, sobretudo aquelas com autismo, os
profissionais apontaram como o maior desafio em relação a essas síndromes a aceitação da
sociedade, incluindo-se aqui também a família e a escola, o que foi mais prevalente no caso
da síndrome de Down e referido principalmente pelos profissionais da área médica.
Considera-se a relevância desses resultados, visto que poderiam contribuir para a formulação
de políticas públicas que visem a uma maior capacitação dos profissionais de áreas
comumente envolvidas no trabalho com indivíduos autistas e com síndrome de Down,
subsidiando, assim, propostas de intervenção que possibilitem uma melhoria da qualidade de
vida desses indivíduos e de suas famílias.
Considerando a influência das concepções que os indivíduos têm sobredeterminado fenômeno nas suas ações em relação a este, objetivou-se, com o presente estudo,analisar as concepções de profissionais de diferentes áreas do conhecimento acerca doautismo e da síndrome de Down, tanto daqueles com experiência quanto sem experiência notrabalho com esses indivíduos. Participaram do estudo 75 profissionais distribuídos nosseguintes grupos: psiquiatras, neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos, pedagogos e professores. Foramrealizadas entrevistas semiestruturadas com os profissionais, as quais abordavam questõesreferentes à caracterização do autismo e da síndrome de Down, ao desenvolvimento dessesindivíduos, às formas de intervenção a serem utilizadas, à inserção dos indivíduos com essassíndromes em escolas regulares e aos principais desafios relacionados ao trabalho com essesindivíduos e com suas famílias. As entrevistas foram transcritas literalmente e submetidas àtécnica de Análise de Conteúdo Categorial-Temática, proposta por Bardin. Percebeu-se que aconcepção do autismo como um transtorno do desenvolvimento que envolve uma tríade deprejuízos e que é caracterizado por um espectro de condições prevaleceu dentre aquelesprofissionais com experiência com esses indivíduos, principalmente nas áreas da Psiquiatria,Psicologia e Terapia Ocupacional, enquanto aqueles sem experiência destacaramprincipalmente as dificuldades relacionadas à interação, sobretudo os fisioterapeutas, asprofessoras e os educadores físicos. Quanto à síndrome de Down, a maior parte dosparticipantes, tanto aqueles com experiência quanto sem experiência no trabalho com taispessoas, referiu-se às características físicas, o que foi mencionado por profissionais de todasas especialidades. Embora tenham considerado os prejuízos que podem estar presentes noautismo e na síndrome de Down, observou-se que, de uma forma geral, os participantesdemonstraram também ter concepções positivas em relação a essas síndromes, aoreconhecerem as capacidades que tais indivíduos podem desenvolver e salientarem tambémas suas particularidades, a despeito do fato de terem uma síndrome. Os profissionais, emgeral, apontaram para o papel do acompanhamento por parte da família, da escola e dosprofissionais envolvidos na intervenção, sobretudo de uma equipe multidisciplinar, napromoção do desenvolvimento das pessoas com autismo e com síndrome de Down. Quanto àinclusão escolar, houve mais profissionais favoráveis à inserção de pessoas com síndrome deDown nas escolas da rede regular de ensino do que daquelas com autismo. Ainda que tenhamcitado as dificuldades em lidar com tais pessoas, sobretudo aquelas com autismo, osprofissionais apontaram como o maior desafio em relação a essas síndromes a aceitação dasociedade, incluindo-se aqui também a família e a escola, o que foi mais prevalente no casoda síndrome de Down e referido principalmente pelos profissionais da área médica.Considera-se a relevância desses resultados, visto que poderiam contribuir para a formulaçãode políticas públicas que visem a uma maior capacitação dos profissionais de áreascomumente envolvidas no trabalho com indivíduos autistas e com síndrome de Down,subsidiando, assim, propostas de intervenção que possibilitem uma melhoria da qualidade devida desses indivíduos e de suas famílias.
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POLLYANA DE LUCENA MOREIRA
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UMA ANÁLISE DO JULGAMENTO MORAL DE JOVENS ADULTOS DOS ANOS DE 1988/1989 E 2011 E DE ADOLESCENTES DOS ANOS DE 1996 E 2011.
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Data: 28/02/2013
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Hora: 10:00
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Desde o final da década de 1980 até a década de 2010, o Brasil passou por transformações políticas, econômicas e educacionais que modificaram as relações entre indivíduo e sociedade. No âmbito político, o país saiu do regime ditatorial, passou por um processo de redemocratização e atingiu a estabilidade política vivida na atualidade. No âmbito econômico o país enfrentou crises que provocaram a criação de novas moedas até que atingiu estabilidade com o Real em meados da década de 1990. No âmbito educacional, o país passou por transformações na estrutura do ensino básico e superior com a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, e com a política de expansão do ensino superior. Diante dessas mudanças na conjuntura social do Brasil, e tendo como base a teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg (1984), que define moral como pensamentos de justiça, elaborou-se um estudo com o objetivo de verificar se ocorreram mudanças na qualidade do julgamento moral de jovens adultos dos anos de 1988/1989 e 2011 e de adolescentes dos anos de 1996 e 2011. Essa investigação contou com a participação de 210 jovens adultos, de 17 a 32 anos, alunos de uma universidade pública, e de 222 adolescentes, de 14 a 17 anos, alunos de escolas da rede privada, todos da cidade de João Pessoa. Como instrumento utilizou-se o Defining Issues Test – DIT (Rest et al., 1974). Os resultados mostram que em 1988/1989 os jovens adultos apresentaram julgamento moral pós-convencional, com predominância do uso do estágio 5, enquanto que os jovens adultos de 2011 apresentaram julgamento moral convencional, com predominância do uso do estágio 4. Tanto os adolescentes do ano de 1996, como os adolescentes do ano de 2011, apresentaram julgamento moral convencional, com predomínio do uso do estágio 4. Os resultados encontrados nos adolescentes confirmam as suposições teóricas sobre o nível de desenvolvimento previsto para essa fase e corroboram vários trabalhos empíricos, indicando, além disso, que as diferentes conjunturas sociopolíticas e econômicas não afetaram os julgamentos morais predominantes dos adolescentes. Já os resultados encontrados para os jovens adultos indicam que o desenvolvimento destes jovens, para o ano de 2011, está abaixo do nível previsto, tendo em consideração o aporte teórico utilizado e os dados dos jovens adultos dos anos de 1988/1989. Portanto, é possível inferir que os jovens adultos do ano de 2011 foram afetados pelas conjunturas sociopolíticas e econômicas atuais. Assim, presume-se que uma conjuntura social instável política e economicamente, e marcada pela participação popular em movimentos sociais voltados para a preservação do bem comum, pode ter favorecido ao desenvolvimento de julgamentos morais pós- convencionais. Assume-se também que uma conjuntura social estável política e economicamente, mas marcada por questões como a divulgação da corrupção nas esferas políticas, a violência na sociedade, a concorrência no mercado de trabalho e precariedade dos serviços básicos oferecidos à sociedade, pode ter favorecido ao desenvolvimento de julgamentos morais convencionais, voltados para a preservação das leis como forma de manter a ordem social.
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FABRYCIANNE GOLNCALVES COSTA
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DEPRESSÃO E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE E CUIDADORES
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Data: 27/02/2013
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Hora: 14:00
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Objetivou-se apreender as representações sociais acerca da depressão e da Insuficiência
Renal Crônica (IRC) elaboradas por pacientes nefrológicos em tratamento da
hemodiálise e por cuidadores, com e sem sintomas depressivos. Especificamente, se
buscou mensurar o índice da depressão nos pacientes nefrológicos e em seus
cuidadores; relacionar as variáveis biossociodemográficas dos pacientes e de seus
cuidadores com a depressão; analisar os diferentes campos semânticos representacionais
acerca da IRC, tratamento, hemodiálise e depressão e, por último, verificar os consensos
e dissensos das representações sociais elaboradas pelos participantes no contexto da
IRC. Tratou-se de uma pesquisa de campo, descritiva, de cunho qualitativo e
quantitativo, tendo como matriz teórica as Representações Sociais. O lócus da pesquisa
compreendeu três instituições hospitalares, que disponibilizam o tratamento da
hemodiálise para adultos e mantêm convênio com o SUS. A amostra foi do tipo não
probabilístico e de conveniência, compreendida por 50 pacientes com idades entre 20 e
73 anos, (M=46,05; DP= 13,4) e 50 cuidadores com idades entre 18 e 68 anos (M= 40,7;
DP=14,0). Utilizaram-se como instrumentos: um questionário biossociodemográfico, a
escala hospitalar de ansiedade e depressão HADS-D (especificamente a sub-escala de
depressão), a técnica da associação livre de palavras (TALP) e uma entrevista
semiestruturada. Para tratamento dos dados, foram realizadas as estatísticas descritiva e
inferencial (qui-quadrado e correlação de Pearson e Spearman). As evocações foram
analisadas por meio da Análise Fatorial de Correspondência e as entrevistas foram
processadas pelo programa Alceste (análise hierárquica descendente, ascendente e
análise cruzada). Os resultados indicaram que 20% dos pacientes e 46% dos cuidadores
apresentaram sintomas de depressão. Verificou-se uma correlação positiva (r= (0,37) e
p= 0,008) entre o tempo de acompanhamento dos cuidadores e a depressão, sugerindo
que quanto maior o tempo de cuidado, maior o nível de depressão desses
acompanhantes. A IRC foi representada pelos cuidadores como sinônimo de doença
difícil. Os pacientes renais associaram a complexidade da doença ao seu tratamento
(difícil), sendo objetivada como uma doença incurável e de causa desconhecida. A
depressão foi objetivada como ruim. Os participantes ancoraram o saber em aspectos
físico-orgânicos e psicoafetivos, destacando suas vivências histórico-factuais frente às
dificuldades no tratamento da doença, nomeadamente a hemodiálise e seus múltiplos
significados (morte e vida). A análise do Alceste evidenciou cinco classes:
“Significados da depressão”, “Suporte familiar no contexto da IRC”, “Suporte espiritual
no tratamento”, “Fatores nutricionais” e “Descobrindo o diagnóstico”. A análise cruzada
revelou que as representações dos pacientes estão vinculadas ao tratamento e a dos
cuidadores se relaciona ao apoio dado aos familiares. Embora os pacientes apresentem
um elevado índice de depressão, a prevalência da doença em cuidadores foi
sobressalente. Esta realidade aponta para a necessidade de enfrentamento do problema,
não apenas no contexto do grupo de nefrológicos, mas também no contexto dos
cuidadores que, em geral, vivenciam, juntamente com os pacientes, as limitações
impostas pela doença.
Objetivou-se apreender as representações sociais acerca da depressão e da InsuficiênciaRenal Crônica (IRC) elaboradas por pacientes nefrológicos em tratamento dahemodiálise e por cuidadores, com e sem sintomas depressivos. Especificamente, sebuscou mensurar o índice da depressão nos pacientes nefrológicos e em seuscuidadores; relacionar as variáveis biossociodemográficas dos pacientes e de seuscuidadores com a depressão; analisar os diferentes campos semânticos representacionaisacerca da IRC, tratamento, hemodiálise e depressão e, por último, verificar os consensose dissensos das representações sociais elaboradas pelos participantes no contexto daIRC. Tratou-se de uma pesquisa de campo, descritiva, de cunho qualitativo equantitativo, tendo como matriz teórica as Representações Sociais. O lócus da pesquisacompreendeu três instituições hospitalares, que disponibilizam o tratamento dahemodiálise para adultos e mantêm convênio com o SUS. A amostra foi do tipo nãoprobabilístico e de conveniência, compreendida por 50 pacientes com idades entre 20 e73 anos, (M=46,05; DP= 13,4) e 50 cuidadores com idades entre 18 e 68 anos (M= 40,7;DP=14,0). Utilizaram-se como instrumentos: um questionário biossociodemográfico, aescala hospitalar de ansiedade e depressão HADS-D (especificamente a sub-escala dedepressão), a técnica da associação livre de palavras (TALP) e uma entrevistasemiestruturada. Para tratamento dos dados, foram realizadas as estatísticas descritiva einferencial (qui-quadrado e correlação de Pearson e Spearman). As evocações foramanalisadas por meio da Análise Fatorial de Correspondência e as entrevistas foramprocessadas pelo programa Alceste (análise hierárquica descendente, ascendente eanálise cruzada). Os resultados indicaram que 20% dos pacientes e 46% dos cuidadoresapresentaram sintomas de depressão. Verificou-se uma correlação positiva (r= (0,37) ep= 0,008) entre o tempo de acompanhamento dos cuidadores e a depressão, sugerindoque quanto maior o tempo de cuidado, maior o nível de depressão dessesacompanhantes. A IRC foi representada pelos cuidadores como sinônimo de doençadifícil. Os pacientes renais associaram a complexidade da doença ao seu tratamento(difícil), sendo objetivada como uma doença incurável e de causa desconhecida. Adepressão foi objetivada como ruim. Os participantes ancoraram o saber em aspectosfísico-orgânicos e psicoafetivos, destacando suas vivências histórico-factuais frente àsdificuldades no tratamento da doença, nomeadamente a hemodiálise e seus múltiplossignificados (morte e vida). A análise do Alceste evidenciou cinco classes:“Significados da depressão”, “Suporte familiar no contexto da IRC”, “Suporte espiritualno tratamento”, “Fatores nutricionais” e “Descobrindo o diagnóstico”. A análise cruzadarevelou que as representações dos pacientes estão vinculadas ao tratamento e a doscuidadores se relaciona ao apoio dado aos familiares. Embora os pacientes apresentemum elevado índice de depressão, a prevalência da doença em cuidadores foisobressalente. Esta realidade aponta para a necessidade de enfrentamento do problema,não apenas no contexto do grupo de nefrológicos, mas também no contexto doscuidadores que, em geral, vivenciam, juntamente com os pacientes, as limitaçõesimpostas pela doença.
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LEILANE CRISTINA OLIVEIRA PEREIRA
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"DE VOLTA PARA CASA?" SIGNIFICADO DE REINTEGRAÇÃO FAMILIAR PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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Data: 27/02/2013
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Hora: 14:00
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“DE VOLTA PARA CASA?” SIGNIFICADO DE REINTEGRAÇÃO FAMILIAR
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Esta dissertação tem por objetivo analisar o significado de reintegração familiar para
crianças e adolescentes que após terem sido reintegradas à família de origem retornaram
ao acolhimento institucional. Desse modo tem como objetivos específicos identificar:
junto à 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital, crianças e adolescentes que após
terem sido reintegradas à família de origem retornaram ao acolhimento institucional; os
motivos que levaram ao acolhimento institucional no primeiro momento; os motivos
pelos quais crianças que após terem sido reintegradas à família de origem retornaram ao
Acolhimento Institucional; o significado de família, acolhimento institucional e
reintegração familiar para essas crianças e adolescentes. Para tal, fez-se uso das
categorias teóricas: Família, sendo compreendida como historicamente construída,
espaço de socialização e formação psíquica e Institucionalização, a ação exercida por
dispositivos de poder que têm por função fixar o sujeito a um sistema normalizador.
Utilizou-se o método qualitativo. Participaram da pesquisa cinco crianças e adolescentes
com idades entre 9 a 16 anos. Foram utilizados pesquisa documental, o desenho e a
entrevista semiestruturada como técnicas de coleta de dados. A pesquisa documental foi
realizada na 1ª Vara da Infância e Juventude. Aconteceram pelo menos quatro encontros
com cada criança ou adolescente, nas instituições de acolhimento onde estavam, e foram
coletados os dados para a construção do corpus para análise. Para a análise dos dados
desta dissertação se utilizou a Análise Crítica do Discurso (Nogueira, 2001) para a
entrevista. A partir da análise dos dados, percebeu-se família é significada como um
grupo de pessoas que coabitam, compartilham laços sanguíneos e possuem uma relação
recíproca de afeto. Família na fala dos participantes aparece também com novos
formatos, além do sanguíneo e nuclear, incluindo outras crianças, amigos, professoras e
educadores das instituições de acolhimento. Assim, percebeu-se a mobilidade da família
como uma construção social e histórica. O significado de acolhimento institucional é o
de estrutura que possui função punitiva, um lugar a ser ocupado por aqueles que não são
bem comportados. Acolhimento institucional aparece também como uma última opção
para crianças e adolescentes pobres possam não viver na rua. Percebeu-se que o
acolhimento institucional atua como um dispositivo de controle da virtualidade do
sujeito, assim, os participantes são postos lá como uma forma de evitar que possam no
futuro cometer delitos. O significado de reintegração familiar é o resultado do
entrelaçamento do significado de família e de acolhimento institucional. Reintegração
aparece como um paradoxo, por um lado é prêmio de bom comportamento ou vitória de
batalha, como um favor concedido, por outro os participantes vivenciaram a
vulnerabilidade social enfrentada por suas famílias e violência. Em alguns casos os
participantes relatam que não se sentiram pertencentes à família durante o período de
reintegração familiar. Embora seja o meio mais rápido de efetivação do direito à
convivência familiar e comunitária, a reintegração familiar não pode ser vista como uma
solução única para todos os casos de acolhimento.
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LEILANE MENEZES MACIEL TRAVASSOS
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DE CREAS ACERCA DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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Data: 27/02/2013
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Hora: 14:00
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A violência sexual contra crianças e adolescentes representa uma profunda violação de direitos humanos, sexuais e individuais da pessoa em desenvolvimento, que constitui um grande desafio aos diversos âmbitos e profissionais que se deparam com sua ocorrência. Nesse sentido, objetivou-se nesse estudo apreender as representações sociais de profissionais que atuam em Centros de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes. Utilizou-se como aporte teórico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, e em complemento a esta, fez-se uso ainda da Teoria do Núcleo Central de Jean-Claude Abric. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de cunho quanti-qualitativo. Os participantes da pesquisa foram 47 profissionais de equipe interdisciplinar de 11 CREAS da Paraíba, sendo 95,7% do sexo feminino, com idade média de 34,70 (DP=9,45). Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, submetidas à análise lexical do software ALCESTE, resultando na formação de quatro classes, nomeadas, Classe 1:
Caracterização e Impactos da Violência Sexual, Classe 2: Prática Interprofissional e Intersetorial, Classe3: Violência Sexual Intrafamiliar e sua Superação, Classe 4:
Políticas Públicas: avanços e retrocessos; e ainda a Técnica de Associação Livre de
software Palavras (TALP), analisada por meio do Evoc. Verificou-se que os
participantes representaram a violência sexual a partir de suas características e
implicações, destacando sua ocorrência intrafamiliar, que é passível de superação, mas que necessita de uma atuação interdisciplinar e intersetorial por parte dos profissionais, os quais não possuem apoio governamental. As representações sociais a partir das evocações livres evidenciaram uma concepção ampliada do fenômeno da violência sexual, caracterizando-a como um crime, efetuado por meio do ato agressivo do abuso, e que ocasiona medo às vítimas. Os profissionais estruturaram suas representações em relação ao CREAS, ancorados nas finalidades da instituição; em relação ao ser profissional do CREAS, apresentaram uma percepção de ideal a ser alcançado; e, se auto perceberam de forma positiva, ancorados em uma identidade social. De forma ampla, pode-se considerar que os dados revelaram que o fenômeno da violência sexual desencadeia dificuldades não só àqueles que vitima, mas também àqueles que se dedicam ao seu enfrentamento.
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MONALISA VASCONCELOS ERNESTO SILVA
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APRENDENDO A SER MÉDICO: ANÁLISE DA RELAÇÃO TRABALHO SAÚDE DE MÉDICOS RESIDENTES
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Data: 27/02/2013
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Hora: 08:30
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Este trabalho dissertativo analisa as relações entre o processo de Residência Médica (RM) e a saúde de médicos residentes. Almejando capacitação e atualização, a RM assume fundamental valor para que o médico recém-formado obtenha experiência e acumule conhecimentos que redundarão em oportunidades posteriores de trabalho e melhor atendimento à população. A escolha por este campo deve-se ao interesse em analisar, no transcurso da RM, a atividade dos profissionais médicos em formação e possíveis implicações com a saúde, decorrente das atividades exercidas. Assim, o presente estudo tem como objetivo geral analisar as relações estabelecidas entre a saúde dos médicos residentes e o processo de RM; e, como objetivos específicos investigar o conteúdo e as especificidades da atividade do médico residente; delinear as condições e a organização do trabalho dos médicos residentes; identificar as fontes de sofrimento/ prazer no trabalho; analisar os modos de gestão adotados pelos médicos residentes na relação trabalho e vida privada; explorar a dualidade entre ser médico e ser estudante que caracteriza a RM, concomitantemente aos riscos inerentes ao desempenho da atividade; e, por fim, identificar e analisar a ocorrência de problemas de saúde (doenças, acidentes, sofrimento), em como evidenciar as ações utilizadas na busca pela manutenção da saúde. O aporte teórico desse estudo reúne contribuições oriundas da Psicodinâmica do Trabalho, da Ergonomia da Atividade e da Clínica da Atividade. Participaram desta pesquisa 29 médicos residentes que estão no segundo ano de RM das áreas clínicas de um hospital universitário, através do critério de acessibilidade aos sujeitos e da disponibilidade dos mesmos em colaborar com o estudo. Utilizou-se a entrevista semiestruturada, tendo em vista o interesse em acessar as vivências, singularidades e perspectivas dos médicos residentes em relação ao seu
trabalho. A análise dos dados foi conduzida através da análise de conteúdo temática. No que se refere aos resultados, identificou-se que a deletéria falta de material para a realização de técnicas para preservação e/ou recuperação das condições de saúde do paciente é recorrente quanto às condições de trabalho. Os médicos residentes apontaram também como fontes de sofrimento a impotência diante de certas condicionalidades do serviço público, da estrutura do hospital e de certos casos, a pressão e o excesso de trabalho. Como principal fonte de prazer no trabalho do médico residente, eles apontaram a satisfação pessoal em ajudar o paciente. Nesse contexto de dificuldades do cotidiano profissional, a noção de risco passa a ser vista como parte intrínseca da atividade,
constituindo-se em riscos ocupacionais, organizacionais e psicossociais. Observou-se ainda que a vida extra-hospital fica relegada a segundo plano, tendo a família (muitas vezes de outro estado) que aprender a lidar e superar as ausências e a distância, seja em virtude da demanda horária da RM, seja em decorrência dos plantões em outras instituições. Fruto da dualidade característica em ser médico e ser residente, estudante, existe ainda a dissonância da responsabilidade médica se contrapondo às limitações impostas à prática do médico residente, supervisionado pela preceptoria. Identificou-se que os principais problemas relacionados ao trabalho do médico residente foram a sobrecarga física e psíquica, a fadiga, a alteração do sono e das taxas hormonais, a alimentação inadequada, a falta de disposição para a prática de exercícios físicos, implicando, dessa forma, na diminuição da qualidade de vida. Em contrapartida, alguns participantes negaram que pudessem ter algum tipo de problema de saúde decorrente da RM. Através dos resultados, foi perceptível que a atividade de trabalho dos médicos residentes denota significativo equilíbrio, sendo percebida como fundamental, mas transitória.
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TAMARA RAMALHO DE SOUSA AMORIM
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A Criminalização da Juventude Pobre na Paraíba: Reflexões acerca das Mudanças e Permanências
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Data: 26/02/2013
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Hora: 14:00
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A categoria juventude pode ser vista como uma condição social e pode ser considerada em seu plural juventudes. Esta dissertação tratará de uma juventude específica: a juventude pobre, a qual historicamente tem sido submetida a medidas de disciplinarização, através, por exemplo, da internação em instituições. Na Paraíba, dentre as instituições criadas para intervir com esses jovens registram-se a instituição Pindobal e o Centro Educacional do Adolescente CEA. A primeira foi criada no ano de 1929 e a segunda, em 1990. Ao longo da história, estas instituições foram responsáveis por receber os jovens abandonados ou que cometeram ato infracional. Diante do exposto, a presente dissertação tem como objetivo geral analisar a criminalização da juventude pobre e os processos de subjetivação através da história da institucionalização das práticas punitivas na Paraíba, de Pindobal ao CEA. E como objetivos específicos: identificar o perfil de ex-internos e educandos; contar a história da instituição Pindobal; contar a história da instituição CEA; caracterizar as formas de práticas punitivas aplicadas aos jovens pobres, de Pindobal ao CEA; identificar o discurso da Psicologia na institucionalização das práticas punitivas no contexto do CEA; e analisar a subjetivação de ex-internos e educandos a partir do processo de institucionalização. O embasamento teórico se dá sob a perspectiva pós-estruturalista de Foucault, a partir das categorias Institucionalização, Criminalização, Práticas Punitivas e Subjetivação. Em relação ao método, o lócus da pesquisa se constituiu de institutos históricos, arquivos de jornais, conselhos de direito e as instituições Pindobal e CEA. Foram entrevistados 19 participantes (número definido pela técnica de saturação dos dados) distribuídos em 05 grupos: ex-internos de Pindobal, ex-profissionais de Pindobal, educandos do CEA, profissionais do CEA e informantes de história oral. Como técnicas e instrumentos, foram utilizados pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. Para a última utilizou-se roteiros diferenciados para os participantes, considerando-se o grupo de ex-internos e educandos, e o grupo de profissionais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à Análise Crítica do Discurso, a partir das seguintes categorias: quem fala? De onde fala? Que efeito de sentido gera? Que discursos aparecem? A partir de que acontecimento se reconta a história? Que história a oralidade revela? Os resultados apontaram que o perfil dos ex-internos e educandos é formado por jovens provenientes das classes baixas, ou seja, por jovens pobres. Indicaram ainda que as práticas punitivas aplicadas aos jovens pobres de Pindobal e CEA se constituíram, de modo geral, em punições físicas e aprisionamento; que o discurso da Psicologia no contexto do CEA se configurou por ser um discurso individualizante; e que a subjetivação de ex-internos e educandos pode ser analisada, entre outros aspectos, pelo histórico de institucionalização que eles apresentam e pela internalização de discursos. O conjunto geral dos achados na pesquisa trouxe a história de jovens pobres, abandonados, delinquentes. Esses jovens são sujeitos que vão se engendrando a partir de práticas que estão sedimentadas na instituição. E a história desses jovens é a história da criminalização pela via de quem a viveu.
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ELOÁ LOSANO DE ABREU
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A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO MORAL DA JUSTIÇA E O PENSAMENTO MORAL DO PERDÃO
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Data: 26/02/2013
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Hora: 10:00
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O desenvolvimento do pensamento moral do perdão tem sido estudado desde a década
de 1980 por Robert Enright. Este autor considera o perdão uma virtude moral que se
desenvolve dentro da justiça, e que depende dela para ocorrer. Apesar de a revisão da
literatura indicar que justiça e perdão são positivamente associados, e que o perdão
permite o surgimento de uma justiça com mais compaixão, não existem estudos
empíricos que abordem a relação entre os pensamentos de justiça e de perdão,
especialmente dentro da abordagem da Psicologia do Desenvolvimento Moral. Nesse
sentido, o objetivo do presente estudo foi analisar empiricamente a relação entre o
pensamento moral da justiça e o pensamento moral do perdão. Como orientação teórica
principal, foi utilizado o modelo de estágios de pensamento de perdão desenvolvido por
Enright, Santos e Al-Mabuk (1989), que apresenta seis estágios de raciocínio do perdão,
relacionados aos estágios de pensamento de justiça indicados na teoria de Kohlberg
(1984). Participaram do estudo 155 estudantes, divididos em três grupos de idade: pré-
adolescentes (10 a 14 anos), adolescentes (15 a 19 anos) e jovens adultos (20 a 24 anos).
Como instrumento, foi utilizado um questionário composto por dois dilemas morais, o
primeiro voltado para identificar os estágios dominantes de pensamento de justiça e o
segundo voltado para identificar os estágios dominantes de perdão. Os resultados
mostraram que o uso do estágio 4 de justiça foi predominante no pensamento dos três
grupos de idade. No que se refere ao perdão, os pré-adolescentes apresentaram maior
frequência no estágio 3, enquanto os adolescentes e jovens adultos apresentaram
majoritariamente o estágio 4 de pensamento. Foi comprovada, por meio de um teste de
Wilcoxon, uma relação de necessidade entre os pensamentos de justiça e de perdão,
onde a justiça antecede o perdão no desenvolvimento. Nesse sentido, os estágios de
perdão foram sempre iguais ou inferiores aos estágios de justiça no pensamento dos
participantes. Assim, os resultados do presente estudo trazem contribuições importantes
para a área de estudo sobre o perdão e a justiça na Psicologia. A comprovação de que
esses dois pensamentos são associados traz implicações para pesquisas futuras,
especialmente para os estudos em educação moral com vistas ao desenvolvimento. No
entanto, identificou-se uma relação desequilibrada, onde os estágios de justiça são mais
elevados do que os estágios de perdão. Faz-se necessário investigar as causas desse
desequilíbrio e desenvolver estratégias para reverter esse processo.
O desenvolvimento do pensamento moral do perdão tem sido estudado desde a década de 1980 por Robert Enright. Este autor considera o perdão uma virtude moral que se desenvolve dentro da justiça, e que depende dela para ocorrer. Apesar de a revisão da literatura indicar que justiça e perdão são positivamente associados, e que o perdão permite o surgimento de uma justiça com mais compaixão, não existem estudos empíricos que abordem a relação entre os pensamentos de justiça e de perdão, especialmente dentro da abordagem da Psicologia do Desenvolvimento Moral. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi analisar empiricamente a relação entre o pensamento moral da justiça e o pensamento moral do perdão. Como orientação teórica principal, foi utilizado o modelo de estágios de pensamento de perdão desenvolvido por Enright, Santos e Al-Mabuk (1989), que apresenta seis estágios de raciocínio do perdão, relacionados aos estágios de pensamento de justiça indicados na teoria de Kohlberg (1984). Participaram do estudo 155 estudantes, divididos em três grupos de idade: pré-adolescentes (10 a 14 anos), adolescentes (15 a 19 anos) e jovens adultos (20 a 24 anos). Como instrumento, foi utilizado um questionário composto por dois dilemas morais, o primeiro voltado para identificar os estágios dominantes de pensamento de justiça e o segundo voltado para identificar os estágios dominantes de perdão. Os resultados mostraram que o uso do estágio 4 de justiça foi predominante no pensamento dos três grupos de idade. No que se refere ao perdão, os pré-adolescentes apresentaram maior frequência no estágio 3, enquanto os adolescentes e jovens adultos apresentaram majoritariamente o estágio 4 de pensamento. Foi comprovada, por meio de um teste de Wilcoxon, uma relação de necessidade entre os pensamentos de justiça e de perdão, onde a justiça antecede o perdão no desenvolvimento. Nesse sentido, os estágios de perdão foram sempre iguais ou inferiores aos estágios de justiça no pensamento dos participantes. Assim, os resultados do presente estudo trazem contribuições importantes para a área de estudo sobre o perdão e a justiça na Psicologia. A comprovação de que esses dois pensamentos são associados traz implicações para pesquisas futuras, especialmente para os estudos em educação moral com vistas ao desenvolvimento. No entanto, identificou-se uma relação desequilibrada, onde os estágios de justiça são mais elevados do que os estágios de perdão. Faz-se necessário investigar as causas desse desequilíbrio e desenvolver estratégias para reverter esse processo.
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MANUELLA CASTELO BRANCO PESSOA
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HISTÓRIA DE VIDA DE JOVENS E VIVÊNCIA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
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Data: 25/02/2013
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Hora: 14:00
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A presente dissertação teve como objetivo analisar as vivências e as perspectivas de
futuro oportunizadas pela experiência na formação de jovens egressos do Projeto
Integrado de Aprendizagem Profissional. Para tal, utilizou-se a perspectiva Vigotskiana
para analisar as vivências e projetos de vida destes jovens; e o construcionismo para
buscar apreender os sentidos dados aos seus cotidianos. A atividade de trabalho vem,
historicamente, sendo construída como uma ferramenta central na vida humana, e
quando se trata de juventude pobre esta vem como uma forma de ocupá-los. Tem sido
identificado que o trabalho é também uma das maiores preocupações entre os jovens,
representando autonomia, realização pessoal e suprindo a necessidade financeira. A
entrada do jovem no mercado de trabalho tem sido encorajada pela sociedade e pelo
Estado, surgindo alguns programas sociais com a função de promover a formação
desses jovens. Porém essas políticas continuam a reafirmar a ideia do trabalho como
“disciplinador” para os jovens advindos das classes populares. O Projeto Integrado de
Aprendizagem Profissional tem como objetivo a implementação de um programa que
visa atender os alunos do PETI, de forma a incluí-los no Programa Jovem Aprendiz. A
pesquisa foi possibilitada através da História de vida tópica. A perspectiva de análise
aqui adotada pauta-se nas práticas discursivas utilizando-se dos mapas de associação
para a identificação e compreensão dos repertórios interpretativos. Participaram da
presente pesquisa de dissertação dez sujeitos, sendo cinco do sexo masculino e cinco do
sexo feminino egressos do Projeto Integrado. Para delimitar o número de participantes,
utilizou-se o critério de saturação. O que se encontra a partir dos dados é que estamos
falando de uma juventude plural, pobre, em que uma parte tem o histórico de trabalho
infantil. A experiência no curso preparatório na UFPB emerge enquanto uma ferramenta
que o proporciona chegar ao curso profissionalizante no SENAI, tomando proporções
para além do reforço do português e matemática; A importância da formação
profissional somada ao esforço individual é sublinhada nos atos de fala de todos; o
curso profissionalizante se apresenta como mais estimulante que a escola formal, pois
encontram uma aplicabilidade no que ali é ensinado. O aprender a se comportar emerge
nas práticas discursivas de todos os jovens entrevistados como se fosse parte
constituinte do curso de formação. Os jovens revelam ainda em seus atos de fala
vivências que remetem a aprendizagem, dificuldades, ocupação de novos espaços, tendo
profissionalização como um marco em suas vidas. Em todos os projetos de vida
elaborados pelos jovens o trabalho emergiu enquanto uma categoria chave, mesmo
aqueles que pretendem fazer um curso de graduação, planejam fazê-lo paralelamente ao
trabalho, já que precisam se sustentar.
A presente dissertação teve como objetivo analisar as vivências e as perspectivas de futuro oportunizadas pela experiência na formação de jovens egressos do Projeto Integrado de Aprendizagem Profissional. Para tal, utilizou-se a perspectiva Vigotskianapara analisar as vivências e projetos de vida destes jovens; e o construcionismo para buscar apreender os sentidos dados aos seus cotidianos. A atividade de trabalho vem, historicamente, sendo construída como uma ferramenta central na vida humana, e quando se trata de juventude pobre esta vem como uma forma de ocupá-los. Tem sido identificado que o trabalho é também uma das maiores preocupações entre os jovens, representando autonomia, realização pessoal e suprindo a necessidade financeira. A entrada do jovem no mercado de trabalho tem sido encorajada pela sociedade e pelo Estado, surgindo alguns programas sociais com a função de promover a formação desses jovens. Porém essas políticas continuam a reafirmar a ideia do trabalho como “disciplinador” para os jovens advindos das classes populares. O Projeto Integrado de Aprendizagem Profissional tem como objetivo a implementação de um programa que visa atender os alunos do PETI, de forma a incluí-los no Programa Jovem Aprendiz. Apesquisa foi possibilitada através da História de vida tópica. A perspectiva de análise aqui adotada pauta-se nas práticas discursivas utilizando-se dos mapas de associação para a identificação e compreensão dos repertórios interpretativos. Participaram da presente pesquisa de dissertação dez sujeitos, sendo cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino egressos do Projeto Integrado. Para delimitar o número de participantes, utilizou-se o critério de saturação. O que se encontra a partir dos dados é que estamosfalando de uma juventude plural, pobre, em que uma parte tem o histórico de trabalho infantil. A experiência no curso preparatório na UFPB emerge enquanto uma ferramenta que o proporciona chegar ao curso profissionalizante no SENAI, tomando proporções para além do reforço do português e matemática; A importância da formação profissional somada ao esforço individual é sublinhada nos atos de fala de todos; o curso profissionalizante se apresenta como mais estimulante que a escola formal, pois encontram uma aplicabilidade no que ali é ensinado. O aprender a se comportar emerge nas práticas discursivas de todos os jovens entrevistados como se fosse parte constituinte do curso de formação. Os jovens revelam ainda em seus atos de fala vivências que remetem a aprendizagem, dificuldades, ocupação de novos espaços, tendo profissionalização como um marco em suas vidas. Em todos os projetos de vidaelaborados pelos jovens o trabalho emergiu enquanto uma categoria chave, mesmo aqueles que pretendem fazer um curso de graduação, planejam fazê-lo paralelamente ao trabalho, já que precisam se sustentar.
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PAULA RACHEL LOURO LEITE
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EM BUSCA DOS GÊNEROS E ESTILOS DA ATIVIDADE DOS PSICÓLOGOS CLÍNICOS AUTÔNOMOS
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Data: 25/02/2013
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Hora: 10:00
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O presente trabalho teve como objetivo principal evidenciar as caracteristicas do genero
e do estilo da atividade do psicologo clinico de modo a compreender de que maneira
esta atividade e conduzida. Para isso, foi realizada uma pesquisa de investigacao
qualitativa, de cunho nao-experimental e carater exploratorio. Este estudo utiliza os
conhecimentos da Clinica da Atividade, proposta por Yves Clot, que busca
compreender o trabalho alem do prescrito e observavel e dai surgem os conceitos de
genero e estilo da atividade, que aqui sao investigados. Indubitavelmente importantes
para a mobilizacao psicologica do sujeito em situacao de trabalho, os generos da
atividade sao uma forma de saber reencontrar-se no mundo e saber agir. O genero rege
as relacoes interprofissionais e orienta o coletivo de trabalho a se situar e saber como
agir nas situacoes. Este trabalho de ajustamento do genero para faze-lo um instrumento
de acao e chamado de estilo profissional. Esta nocao de estilo profissional pressupoe
que para um sujeito passar a agir nao basta que ele siga unicamente o coletivo, mas
tambem que ele deve se orientar pro si mesmo. Esta pesquisa contou com a participacao
de nove psicologas clinicas autonomas, todas mulheres, da cidade de Joao Pessoa, no
estado da Paraiba, com idades entre 29 e 50 anos. No que se refere ao tempo de atuacao
em atendimento clinico, variaram entre cinco e 28 anos, com media de 11
anos. A selecao das participantes se deu por amostragem por conveniencia e o numero de
participantes foi estabelecido seguindo o criterio de saturacao das informacoes.Duas
tecnicas foram usadas para a producao de dados: um questionario socio-demografico e
uma entrevista semi-estruturada. Os dados obtidos atraves do questionario socio
-demografico foram analisados descritivamente ajudando a compreender a amostra e
problematizar as informacoes obtidas nas entrevistas. Estas foram lidas e agrupadas,
seguindo os objetivos geral e especificos, e foram encontradas 4 categorias assim
nomeadas: Formacao, Outros Trabalhos, Experiencia/vida e Generos e Estilos. Por fim,
este trabalho permitiu a identificacao da existencia de um genero profissional das
psicologas clinicas pesquisadas na cidade de Joao Pessoa e apontar diferentes estilos
profissionais do mesmo coletivo. A importancia da formacao academica e
complementar, como supervisao e analise/terapia propria, foi bastante destacada pelas
profissionais entrevistadas. A influencia de outros empregos e da maternidade na
atuacao da pratica clinica tambem foi verificada nos resultados.
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RENATA MAIA PIMENTA
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TRABALHO E SAÚDE DE POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS
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Data: 22/02/2013
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Hora: 14:00
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No Brasil, a polícia é dividida em diferentes corporações com distintas funções e áreas de atuação. Nesse estudo, destaca-se a atuação da Polícia Rodoviária Federal que é a instituição responsável por zelar pela segurança pública em todas as rodovias federais do país. Nesse contexto, os policiais rodoviários federais (PRF) assumem numerosas atribuições e estão constantemente expostos a diversas situações de risco e geradoras de sofrimento. Considerando que o trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas e é tão importante na formação da identidade, na inserção social e, portanto, na saúde dos trabalhadores, o presente estudo teve por objetivo principal analisar a relação entre trabalho e saúde dos PRF. Partiu-se de um delineamento não experimental, de caráter descritivo e exploratório que utilizou a técnica de: análise documental; questionário estruturado - Inquérito Saúde e Trabalho em Serviço (INSATS-BR): adaptado ao serviço de policiais - e diário de campo. A pesquisa envolveu 72 policiais, do sexo masculino, de uma Delegacia da Polícia Rodoviária Federal localizada na região nordeste do país. Os dados obtidos a partir da aplicação do questionário foram analisados por meio do pacote estatístico SPSS, por meio do qual foram realizadas estatísticas descritivas. As respostas das questões abertas foram analisadas por meio da técnica de Análise de Conteúdo preconizada por Bardin. Posteriormente, os dados provenientes do questionário INSATS-BR: adaptado ao serviço de policiais foram analisados à luz dos dados decorrentes da análise documental e das informações acerca dos afastamentos médicos apresentados por esses policiais. Para analisar as complexas relações entre trabalho e saúde (mental) destes profissionais, utilizou-se como aporte teórico a Psicodinâmica do Trabalho, campo de estudos voltado à análise da relação entre disciplinas e/ou abordagens que se interessam pelo estudo da atividade de trabalho. A forma como se entende a saúde é inspirada na obra de Canguilhem, que permite pensar o homem como um ser ativo, que está constantemente em atividade e que não apenas está submetido ao meio, mas que age sobre ele. Os materiais produzidos, relativos aos
problemas osteomusculares e aos transtornos mentais e comportamentais presentados
por esses policiais, apontam como a saúde desses profissionais pode ser afetada pelo
trabalho. Esta investigação permitiu evidenciar que existe uma dimensão dinâmica e
subjetiva capaz de transformar o sofrimento em ajustamento, criatividade e prazer,
contribuindo para a luta e defesa pela saúde e bem-estar, mesmo com o sofrimento e
com os constrangimentos desencadeados pelas condições e organização do trabalho desses policiais. Os resultados produzidos apontam para um aumento na carga de trabalho dos policiais. Logo, é necessário ampliar o efetivo policial dessa corporação, visto que é desproporcional o número de trabalhadores e a quantidade de tarefas a cumprir. Espera-se assim ter contribuído para a produção de um saber sobre o trabalho do policial rodoviário federal, uma categoria profissional pouco estudada e com raríssimas publicações no meio científico, e à conscientização de algumas questões importantes sobre preservação da saúde e bem-estar desta categoria.
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CLÓVIS PEREIRA DA COSTA JÚNIOR
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DO BRANQUEAMENTO ÀS COTAS RACIAIS: CONHECIMENTO HISTÓRICO E MEMÓRIA PARA A TOMADA DE POSIÇÃO
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Data: 22/02/2013
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Hora: 10:00
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Inegavelmente, o preconceito racial representa um problema de grande importância social. Seu alcance permeia as relações estabelecidas pelos indivíduos e grupos e os modos de constituição das interações sociais. Tais construções moldam-se por meio da transmissão de costumes, ideologias e cultura. Do mesmo modo são construídas as relações de exclusão e segregação nas quais se inserem os grupos minoritários como as mulheres, os negros etc. Com efeito, a discriminação sofrida pelo negro ocorre desde sua chegada ao Brasil na condição de mercadoria africana. Entretanto, passados 512 anos da colonização portuguesa, a situação deles permanece caracterizada por estigmas e segregação social. Segundo Carvalho (2003), naquele ano, os percentuais de alunos e docentes negros nas universidades públicas brasileiras oscilaram em torno de 0,5%. O pesquisador ainda salienta que, se mantidas as condições, a projeção para os próximos 170 anos indica que o índice não ultrapassará 1% do total. Nesse contexto, discute-se a implantação de políticas públicas promotoras de igualdade de condições para a população negra. Trata-se das políticas de cotas raciais que para Guarnieri e Silva (2007) são medidas sociais que objetivam a democratização do acesso às universidades públicas através da reserva de vagas exclusivas para negros. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi analisar as relações entre o conhecimento histórico sobre o lugar do negro na sociedade brasileira e o posicionamento dos participantes no tocante às políticas de ações afirmativas. Para tanto, foram realizados dois estudos complementares utilizando estratégias metodológicas distintas. O estudo 1 tratou de um delineamento quase experimental 2 x 2 (tipo de contexto e tipo de escola) com pós-teste apenas, envolvendo manipulação de variáveis e formação de grupo controle (GC) e grupo experimental (GE). Participaram voluntariamente desse estudo 200 estudantes do segundo ano do Ensino Médio de João Pessoa, sendo que 47,5% eram de escolas públicas e 52,5% de escolas privadas. Do total, 62,3% eram mulheres, com média de idade de 15 anos (DP=0,8). Os resultados obtidos mostraram índices bastante elevados de rejeição às políticas de cotas raciais, tanto no grupo controle (63,3%) quanto no grupo experimental (69,4%), ou seja, a manipulação da variável independente não foi suficientemente forte para provocar uma maior adesão e aceitação das cotas raciais. Em contrapartida, a grande maioria dos estudantes do GE se mostrou favorável ao pedido de desculpas formais pelo sofrimento causado à população negra. Não obstante, em relação à análise realizada a partir do cruzamento das variáveis “posicionamento dos estudantes” e “tipo de escola”, verificou-se efeito estatisticamente significativo [χ²(1)=30,950; p<0,001], sendo assim, observou-se uma maior adesão às cotas raciais entre os estudantes oriundos de escola pública (74,2%). Com efeito, constatou-se que as pertenças sociais e os níveis socioeconômicos obtiveram efeitos estatisticamente significativos [χ²(3)=46,398; p<0,001]. Desta forma, é possível afirmar que, majoritariamente, os estudantes pertencentes à classe alta se encontraram matriculados em instituição de ensino privada (7,7%). Já em relação à classe média baixa, os estudantes de escola pública obtiveram maiores frequências (45,7%). Por fim, sobre a análise realizada a partir do cruzamento das variáveis “grau de identificação racial” em função do “tipo de escola” verificou-se efeito estatisticamente significativo em relação aos “morenos” [χ²(1)=9,491; p<0,05] e “negros” [χ²(1)=9,775; p<0,05]. Tomados em conjunto, os resultados indicam que, embora os participantes que se autoidentificaram como brancos estejam distribuídos igualmente nos dois tipos de escola, os participantes que se autoidentificaram como negros ou morenos se concentram nas escolas públicas. De modo geral, observou-se a manutenção do sistema que nega possibilidade de acesso e ascensão profissional aos negros brasileiros. Ademais, é possível afirmar que o posicionamento da amostra pesquisada se organizou baseado no critério de pertença social, sendo que aqueles que possuem melhores condições financeiras se encontram vinculados a instituições particulares e mostram elevados índices de rejeição às cotas raciais. No estudo 2 objetivou-se investigar os conteúdos discursivos elaborados a partir das memórias resgatadas, entendidas enquanto representações sociais, do período da escravidão negra e suas relações com os posicionamentos sobre as cotas raciais. Nesse ínterim, o aporte teórico privilegiado para a investigação das memórias como representações sociais do passado agrega aspectos da teoria das representações sociais de Moscovici (1961/1978) e de Abric (2000) visto que, conceitualmente, o núcleo central da representação se encontra relacionado com as memórias coletivas e históricas dos grupos. A amostra do estudo foi composta por 200 estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas da cidade de João Pessoa, sendo 58% do sexo feminino com média de idade de 17 anos (DP=2,3). Os resultados obtidos confirmaram os dados do estudo 1, principalmente no tocante à estratificação do tecido social, com enfoque na nítida separação entre participantes identificados com brasileiros brancos e participantes identificados com brasileiros negros ou morenos. Ademais, verificou-se também que os estudantes de escola pública concentraram-se, majoritariamente, nas classes socioeconômicas menos favorecidas e se mostraram mais favoráveis às cotas raciais [χ²(1)=58,284; p<0,05] em comparação aos estudantes de escolas privadas, que se encontraram, majoritariamente, localizados nas classes socioeconômicas abastadas [χ²(3)=52,077; p<0,05]. Em relação às memórias, os dados demonstraram que o processo de construção e atualização das memórias sociais se encontrou intrinsecamente relacionado ao grupo no qual o indivíduo está inserido. Nesse sentido, a formação das memórias, no presente estudo, esteve vinculada à dicotomia estabelecida entre os estudantes brancos e de classes sociais abastadas e estudantes negros, de classes sociais desfavorecidas e favoráveis à instauração das políticas de cotas raciais. Tomados em conjunto, os resultados indicaram a importância e a influência da cultura e dos costumes de um determinado grupo social e como tais elementos atuam como padrões que servem como fontes para a formação de lembranças e recordações sobre acontecimentos cotidianos.
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FRANCIANE FONSECA TEIXEIRA SILVA
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SOBRECARGA EM FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS: UM ESTUDO À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
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Data: 22/02/2013
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Hora: 09:00
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O objetivo desta dissertação foi apreender as representações sociais de cuidadores sobre a dependência química e mensurar o nível de sobrecarga dos familiares cuidadores de dependentes químicos. Foi dado um enfoque psicossociológico, por meio do arcabouço teórico da Psicologia Social, especificamente da Teoria das Representações Sociais, de Moscovici. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa dividida em dois estudos, sendo o estudo 1 realizado em instituições psiquiátricas que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e nos CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas), na cidade de João Pessoa, Paraíba. A amostra foi composta por 50 familiares de dependentes químicos, de álcool (30) e de crack (20), do sexo feminino, cujos parentes estavam em tratamento. Foi utilizada uma entrevista semiestruturada e um questionário
de dados sociodemográficos, sendo utilizados gravadores. Os dados ociodemográficos foram analisados através de frequências e porcentagens e os conteúdos das entrevistas foram tratados pela Análise Lexical do software Alceste. Os familiares representaram as drogas como algo nocivo, que prejudica as relações familiares e é responsável por conflitos e desarmonia na família. Segundo essas representações, as drogas acarretam sobrecarga emocional e estados de tensão, evidenciados por mudanças comportamentais e questões de ordem financeira, devido ao agravamento da dependência e às frequentes hospitalizações. A ausência das drogas foi apontada como uma das formas de se
alcançar a qualidade de vida para os familiares. O referencial teórico das representações sociais possibilitou entender os impactos que a dependência química pode causar na vida dos familiares de dependentes químicos, devido à sobrecarga advinda do papel do cuidador. O estudo 2 também foi realizado em instituições psiquiátricas que atendem pelo SUS e nos CAPSad, da cidade de João Pessoa e municípios adjacentes (Cabedelo e Sapé). A amostra do foi composta por 123 familiares de dependentes químicos de álcool (26) e crack (97), do sexo feminino, cujos parentes também estavam em tratamento. Os participantes responderam a um Inventário de Sobrecarga do Cuidador de Zarit (Zarit Burden Interview ZBI). Os dados do Inventário de Sobrecarga do Cuidador de Zarit foram analisados através do pacote estatístico SPSS PASW 18. Observou-se na sobrecarga dos familiares que 37,4% (n=46; 35 familiares de usuários de crack e 11 de álcool) grau moderado, 35% (n=43; 31 familiares de usuários de crack e 12 de álcool) grau moderado a severo; 22% (n=27; 25 familiares de usuários de crack e 2 de álcool) sobrecarga severa e 5,7% (n=7; 6 familiares de usuários de crack e 1 de álcool) dos familiares cuidadores apresentaram pequena sobrecarga. A média de escore foi de 45,13 (dp= 16,83) com amplitude variando do mínimo 12 pontos e do máximo de 83 pontos. A análise do Qui-Quadrado, levando em consideração o tipo de droga utilizada pelos usuários, familiares dos participantes, não apontou resultado significativo (p>0,05), o que indica que não há diferença significativa quanto a proporção dos acontecimentos em relação ao tipo de droga (álcool ou crack). Espera-se que os resultados possam contribuir para ampliar os conhecimentos existentes na área, de modo a incentivar a realização de novas pesquisas e a abertura de novas possibilidades que promovam estratégias para a prevenção e promoção de saúde junto aos familiares/cuidadores, visando a minimização da culpa e a melhoria da qualidade de vida.
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LEOGILDO ALVES FREIRES
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BASES VALORATIVAS DA PREOCUPAÇÃO MASCULINA COM A APARÊNCIA.
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Data: 21/02/2013
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Hora: 15:00
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A presente dissertação objetivou conhecer as bases valorativas da preocupação masculina com a aparência. Para tanto, realizaram-se dois estudos empíricos. O Estudo 1 objetivou adaptar uma medida de preocupações dos homens com a aparência (Questionário do Complexo de Adônis - QCA) e outra de vaidade (Questionário de Vaidade - QV), para o contexto brasileiro, conhecendo evidências de sua validade fatorial e consistência interna. Participaram 211 estudantes de uma universidade pública da cidade de João Pessoa-PB. Destes, todos eram do sexo masculino e com idade média de 22 anos (dp = 5,58). O QCA, após ter checado sua validade semântica, poder discriminativo e fatorabilidade da matriz de correlações (tendo seguido os critérios de Kaiser, Catell e Horn) apresentou-se estruturado em três componentes: preocupações estéticas (α = 0,78), preocupações fisicosexuais (α = 0,71) e dedicação a dietas/exercícios (α = 0,72). Os três fatores explicaram conjuntamente 41% da variância total. Enquanto que o QV após terem sido aplicados os mesmos procedimentos do QCA apresentou-se estruturado em quatro componentes: preocupação física (α = 0,87), reconhecimento físico (α = 0,81), preocupação com a realização (α = 0,79) e reconhecimento da realização (α = 0,67), sendo que os três fatores explicaram conjuntamente 57,3% da variância total. Portanto, concluiu-se que tais resultados permitiram reunir evidências de validade fatorial e consistência interna das medidas empregadas. O Estudo 2, por sua vez, teve como objetivo comprovar a estrutura fatorial do QCA e do QV, fornecendo evidências psicométricas mais robustas para tais medidas; bem como conhecer os valores humanos associados/preditores à preocupação masculina com a aparência. Contou com a participação de 205 homens frequentadores de academias de musculação da cidade de João Pessoa-PB com idade média de 25 anos (dp = 6,31) sendo a maioria heterossexual (88,3%) e solteira (75%). Estes responderam as medidas ora empregadas no estudo anterior e ao Questionário dos Valores Básicos (QVB), a Escala de Satisfação com a Vida (ESV), a Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR) e a um Questionário Sociodemográfico. Os resultados das Análises Fatoriais Confirmatórias (AFC), permitiram comprovar a estrutura trifatorial do QCA e tetrafatorial do QV identificadas no estudo 1, ambas apresentando indicadores de bondade de ajuste e confiabilidade composta (CC) satisfatórios. As análises de correlação de Pearson e regressão múltipla (stepwise) forneceram subsídios para a elaboração de um modelo teórico envolvendo os valores de realização e suprapessoal na explicação da vaidade e esta, por sua vez explicando, o Complexo de Adônis. No geral, este modelo se mostrou ajustado aos dados empíricos: χ²/gl = 5,47, GFI = 0,99, AGFI = 0,95, CFI = 0,98 e RMSEA = 0,07. Concluindo, confia-se que os objetivos propostos nesta dissertação tenham sido alcançados, apresentando- se nesta oportunidade uma contribuição para um campo de estudo pouco comentado e considerado na Psicologia Social: preocupação masculina com a aparência.
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MARIA JOSE NUNES GADELHA
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TAXAS DE ESQUECIMENTO EM IDOSOS: UM ESTUDO ATRAVÉS DA MEMÓRIA HÁPTICA
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Data: 21/02/2013
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Hora: 15:00
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A memória é um sistema múltiplo constituído por subsistemas de codificação,
armazenamento e recuperação de informações. Sua classificação pode ser feita de
acordo com o tipo de estímulo processado - visual, auditivo, gustativo, olfativo ou tátil. Dentro da memória tátil, encontra-se a submodalidade de memória háptica, referente a aquisição de informações pela manipulação ativa dos objetos. Os subsistemas da memória apresentam declínio significativo com o envelhecimento saudável, com efeitos diferenciados em seu componentes. Foram encontrados poucos estudos relacionando o esquecimento a longo prazo para a memória háptica em idosos saudáveis. Neste sentido, esta pesquisa teve por objetivo avaliar as taxas de esquecimento da informação processada na modalidade háptica em diferentes intervalos de tempo para memórias de recordação e reconhecimento em uma amostra de 36 idosos, de ambos os sexos, sem comprometimento cognitivo e com capacidade de leitura e escrita. Para isso, foi utilizada uma caixa de madeira específica para apresentação de estímulos hápticos. O procedimento consistiu em duas fases, uma fase de estudo (apresentação dos estímulos) e outra de teste (tarefas de recordação ou reconhecimento), realizada após os intervalos de 1, 10 ou 20 minutos. O teste para amostras independentes Kruskal-Wallis mostrou diferenças significantes entre a memória de recordação e reconhecimento e os intervalos de tempo analisados (H = 23,17; gl = 1; p < 0,05). Utilizou-se como post hoc o teste não paramétrico Mann-Whitney com correção Bonferroni, o qual apresentou diferenças significantes entre a condição recordação após 10 minutos e reconhecimento após 10 minutos (p < 0,0083), porém essas diferenças não foram detectadas na comparação das tarefas de recordação e reconhecimento após o intervalo de 20 minutos (p > 0,0083). Esses dados revelam que o tipo de tarefa não influenciou na recuperação da informação após 20 minutos, indicando que a perda de informações processadas na modalidade háptica em idosos começa se estabilizar a partir deste intervalo, independente da tarefa de evocação. Em resumo, os resultados mostram que ocorre pouca perda da informação quando processada hapticamente, sugerindo que a evocação para intervalos de tempo mais longos nesta modalidade podem não ser afetados pelo envelhecimento.
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ANA KARLA SILVA SOARES
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VALORES HUMANOS E BULLYING: UM ESTUDO PAUTADO NA CONGRUÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS
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Data: 21/02/2013
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Hora: 14:00
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A presente dissertação teve por objetivo verificar a influência dos pais nas prioridades valorativas dos filhos e sua relação com o comportamento de bullying. Procurou-se reunir evidências de validade e precisão das medidas empregadas no estudo, conhecer os correlatos valorativos do bullying e o poder preditivo dos valores humanos frente a este construto. Participaram 1.007 pessoas de João Pessoa (PB), sendo 623 estudantes, com idades entre 9 e 16 anos, a maioria de escolas públicas (68,5%), católica (59,4%) e do sexo feminino (52,9%). E 384 pais/responsáveis, com idade variando de 18 a 70 anos, a maioria do sexo feminino (78,8%) e católica (64,8%). Após o tratamento dos dados restaram 351 pares (pais – filhos) de participantes. Os filhos responderam a Escala de Atitudes Positivas Frente a Potenciais Alvos de Bullying (EAFPAB), Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB), Questionário de Percepção dos Pais (QPP), Questionário dos Valores Básicos (QVB ou QVB-I) e questões sociodemográficas. Os pais ou responsáveis receberam um livreto contendo a EAFPAB, Cenários de Bullying no Contexto Escolar e o QVB. Os resultados evidenciaram a validade e precisão das medidas de valores humanos (QVB), de bullying, onde se comprovou a estrutura unifatotial da EAFPAB, que explicou 31% da variância total, com cargas fatoriais entre 0,40 e 0,65 e consistência interna (Alfa de Cronbach) de 0,91; e da ECVB, que também apresentou uma estrutura unifatorial, explicando 42,4% da variância total, com Alfa de Cronbach de 0,75 e cargas fatoriais variando de 0,58 a 0,75; Com o objetivo de conhecer os correlatos valorativos do bullying formularam-se sete hipóteses. As três primeiras foram corroboradas, indicando que as prioridades valorativas dos filhos são congruentes com as dos seus pais, estando a dimensão de estilo parental autoritária diretamente relacionada com os valores pessoais do pai e da mãe (r = 0,15; r = 0,14, respectivamente) e que a relação entre os valores percebidos nos pais e priorizados pelos filhos são moderadas pela dimensão afetividade do pai e da mãe, especificamente, os valores pessoais da mãe [χ²/gl = 51.73; GFI = 0,91; CFI = 0,94; (λ = - 0,10; p < 0,05)] e os centrais e pessoais dos pais [χ²/gl = 49,46; GFI = 0,91; CFI = 0,94; (λ = -0,15 e λ = 0,07, respectivamente; p < 0,05)]. As hipóteses quatro, cinco e seis também foram confirmadas, visto que as pontuações dos pais e dos filhos nas atitudes positivas frente a potenciais alvos de bullying estão diretamente relacionadas (r = 0,44) e que as pontuações dos filhos no bullying estão correlacionadas positivamente com os valores pessoais (r = 0,10) e negativamente com os sociais (r = -0,12). Corroborou-se a sétima hipótese na qual os valores dos filhos [sociais (β = 0,23; t = 3,51, p < 0,001) e pessoais (β = -0,30; t = -4,13, p < 0,001)] foram preditores do bullying. Confia-se que os objetivos propostos tenham sido alcançados, contribuindo para o campo de estudo que relaciona a congruência dos valores de pais e filhos com o comportamento de bullying. Entretanto, reconhece-se a necessidade novos estudos, enfocando na transmissão de valores, em técnicas de intervenção e no emprego de uma mostra infantil de menor idade.
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ANA KARLA SILVA SOARES
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VALORES HUMANOS E BULLYING: UM ESTUDO PAUTADO NA CONGRUÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS
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Data: 21/02/2013
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Hora: 13:00
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A presente dissertação teve por objetivo verificar a influência dos pais nas prioridades valorativas dos filhos e sua relação com o comportamento de bullying. Procurou-se reunir evidências de validade e precisão das medidas empregadas no estudo, conhecer os correlatos valorativos do bullying e o poder preditivo dos valores humanos frente a este construto. Participaram 1.007 pessoas de João Pessoa (PB), sendo 623 estudantes, com idades entre 9 e 16 anos, a maioria de escolas públicas (68,5%), católica (59,4%) e do sexo feminino (52,9%). E 384 pais/responsáveis, com idade variando de 18 a 70 anos, a maioria do sexo feminino (78,8%) e católica (64,8%). Após o tratamento dos dados restaram 351 pares (pais – filhos) de participantes. Os filhos responderam a Escala de Atitudes Positivas Frente a Potenciais Alvos de Bullying (EAFPAB), Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB), Questionário de Percepção dos Pais (QPP), Questionário dos Valores Básicos (QVB ou QVB-I) e questões sociodemográficas. Os pais ou responsáveis receberam um livreto contendo a EAFPAB, Cenários de Bullying no Contexto Escolar e o QVB. Os resultados evidenciaram a validade e precisão das medidas de valores humanos (QVB), de bullying, onde se comprovou a estrutura unifatotial da EAFPAB, que explicou 31% da variância total, com cargas fatoriais entre 0,40 e 0,65 e consistência interna (Alfa de Cronbach) de 0,91; e da ECVB, que também apresentou uma estrutura unifatorial, explicando 42,4% da variância total, com Alfa de Cronbach de 0,75 e cargas fatoriais variando de 0,58 a 0,75; Com o objetivo de conhecer os correlatos valorativos do bullying formularam-se sete hipóteses. As três primeiras foram corroboradas, indicando que as prioridades valorativas dos filhos são congruentes com as dos seus pais, estando a dimensão de estilo parental autoritária diretamente relacionada com os valores pessoais do pai e da mãe (r = 0,15; r = 0,14, respectivamente) e que a relação entre os valores percebidos nos pais e priorizados pelos filhos são moderadas pela dimensão afetividade do pai e da mãe, especificamente, os valores pessoais da mãe [χ²/gl = 51.73; GFI = 0,91; CFI = 0,94; (λ = - 0,10; p < 0,05)] e os centrais e pessoais dos pais [χ²/gl = 49,46; GFI = 0,91; CFI = 0,94; (λ = -0,15 e λ = 0,07, respectivamente; p < 0,05)]. As hipóteses quatro, cinco e seis também foram confirmadas, visto que as pontuações dos pais e dos filhos nas atitudes positivas frente a potenciais alvos de bullying estão diretamente relacionadas (r = 0,44) e que as pontuações dos filhos no bullying estão correlacionadas positivamente com os valores pessoais (r = 0,10) e negativamente com os sociais (r = -0,12). Corroborou-se a sétima hipótese na qual os valores dos filhos [sociais (β = 0,23; t = 3,51, p < 0,001) e pessoais (β = -0,30; t = -4,13, p < 0,001)] foram preditores do bullying. Confia-se que os objetivos propostos tenham sido alcançados, contribuindo para o campo de estudo que relaciona a congruência dos valores de pais e filhos com o comportamento de bullying. Entretanto, reconhece-se a necessidade novos estudos, enfocando na transmissão de valores, em técnicas de intervenção e no emprego de uma mostra infantil de menor idade.
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Rafaella de Carvalho Rodrigues Araújo
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AS BASES GENÉTICAS DA PERSONALIDADE, DOS VALORES HUMANOS E DA PREOCUPAÇÃO COM A HONRA
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Data: 21/02/2013
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Hora: 08:00
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Quando estimamos os efeitos da influência dos fatores ambientais e genéticos nos seres humanos, buscamos compreender até que ponto a diferença de cada pessoa, em relação a seus comportamentos, pode ser atribuída a cada um destes fatores, isolada e conjuntamente. Os estudiosos não só da psicologia social já estão atentos a como a genética pode vir a influenciar o comportamento humano, o que pode ser verificado por meio da literatura, onde já se atribui às bases biológicas uma porcentagem significativa das causas e predisposições do comportamento. Deste modo, partindo de uma pesquisa ex post facto, a presente dissertação tem como principal objetivo verificar as bases genéticas da preocupação com a honra, dos valores humanos e da personalidade, avaliando a influência da hereditariedade genética sobre cada um destes construtos. Acredita-se que a honra, por ter aspectos culturais mais enraizados, apresente menor influência advinda da genética, sendo a personalidade o construto que apresentará maior influência da mesma, por esta ser constituída inerentemente por fatores mais biológicos do que sociais. Os valores humanos, por sua vez, se situariam em um intermédio. Assim, nesta dissertação, é utilizada a Teoria Funcionalista dos Valores, por meio do Questionário de valores básicos, bem como a Escala de preocupação com a honra e o Inventário dos cinco grandes fatores da personalidade para mensurar honra e personalidade, respectivamente, além de um questionário sociodemográfico. Para a realização do presente estudo, contou-se com a participação de 115 pares de gêmeos, sendo 77 monozigóticos (67%) e 38 dizigóticos (33%), totalizando uma amostra de 230 pessoas. Dentre os monozigóticos, a maioria foi do sexo feminino (78%), com idade média de 24,4 (DP = 6,85). Nos dizigóticos, a maioria também declarou ser do sexo feminino (71,1%), com idade média de 21,9 (DP = 4,31). Os resultados foram divididos em três seções. Na primeira, foram examinadas médias e correlações entre os pares de gêmeos, acerca de cada um dos fatores das escalas utilizadas. Foi observado que, salvo as correlações de honra social (r = 0,26; p < 0,05), honra feminina (r = 0,51; p < 0,001) e da subfunção normativa (r = 0,52; p < 0,001), tanto nas médias como correlações entre zigoticidade e construto, os monozigóticos apresentaram-se com comportamentos mais similares do que os dizigóticos. Em seguida, foram calculadas estimativas de hereditariedade do comportamento, observando-se que a menor média foi de honra (M = 0,24; DP = 0,44), seguida dos valores humanos (M = 0,56; DP = 0,23) e personalidade (M = 0,63; DP = 0,19). Por fim, por meio de modelagens por equações estruturais, foram testados os índices de ajuste (qui-quadrado, AIC e RMSEA) dos modelos de hereditariedade. Os resultados demonstraram confirmação do modelo para todos os tipos da honra, para as subfunções valorativas de experimentação, existência e interativa e para os traços de personalidade de neuroticismo, abertura à mudança e amabilidade. Além disso, confirmou-se parcialmente a hierarquia de importância da hereditariedade dos genes entre os três construtos estudados [honra (M = 0,18; DP = 0,19), valores (M = 0,39; DP = 0,08) e personalidade (M = 0,39; DP = 0,62)]. Deste modo, pode-se verificar que todos os construtos apresentam alguma influência genética. Ademais, como era esperado, comprovou-se a hierarquia das bases biológicas entre eles, além de ficar evidenciada a maior semelhança entre os gêmeos monozigóticos, já que os resultados encontrados em relação a estes foram significativamente superiores àqueles apresentados pelos dizigóticos, apontando para uma efetiva base genética do comportamento humano.
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JULIANA RIZIA FELIX DE MELO
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE DEPENDENTES QUÍMICOS EM TRATAMENTO ACERCA DO CRACK
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Data: 04/02/2013
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Hora: 09:00
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O uso abusivo de drogas tem sido considerado um problema de saúde pública, que vêm
ultrapassando todas as fronteiras sociais, preocupando toda a sociedade. Nesse contexto
encontra-se o crack, que surgiu na década de 1990 no Brasil, causando forte
dependência e prejudicando rapidamente a vida mental, orgânica e social dos seus
usuários. A fim de compreender os fatores psicossociais que envolvem este consumo,
objetivou-se conhecer e analisar as representações sociais elaboradas por dependentes
químicos acerca do crack, dos usuários de drogas e do tratamento; utilizando-se como
suporte teórico a Teoria das Representações Sociais, na perspectiva das abordagens
dimensional e estrutural. Trata-se de um estudo descritivo, de cunho qualitativo, que foi
realizado em uma instituição psiquiátrica em João Pessoa – PB. A amostra foi composta
por 30 usuários de crack em tratamento, do sexo masculino. Os instrumentos utilizados
foram: questionário sociodemográfico, o qual foi analisado através do cálculo de
frequências simples e porcentagens; a Associação Livre de Palavras, com os estímulos:
crack, usuário de drogas e tratamento, que foi analisada a partir do programa EVOC; e,
entrevista semiestruturada, a qual foi analisada por meio da Análise de Conteúdo
Temática de Bardin. Os instrumentos foram aplicados no ambiente institucional, de
forma individual, com o uso de gravador, tendo-se tomado todos os cuidados éticos que
envolvem a pesquisa com seres humanos. Verificou-se uma representação negativa do
crack, em que ele é personificado na figura do Diabo, tendo o poder de destruir a vida
de seus usuários e da sociedade em geral, gerando grande tristeza. Além disso, é
percebido como algo que domina o indivíduo inteiramente, tornando-o passivo e
impotente diante da droga. Constatou-se, ainda, que o usuário de drogas é representado
como alguém não confiável, viciado, sem valor, doente, que não tem caráter e
responsável pela destruição da família. Tal percepção acarreta uma série de
implicações, pois as representações sociais possuem status de verdade, guiando as
condutas dos sujeitos; nesse sentido, essa representação negativa sobre si mesmo pode
prejudicar a autoimagem desses usuários, afetando sua autoestima e sua capacidade de
enfrentamento às drogas, o que pode dificultar o sucesso do seu tratamento, bem como
a sua reinserção social. Diante dos resultados encontrados, verificou-se a necessidade de
mudança dessas representações sociais, com a compreensão do uso de drogas como um
fenômeno multicausal e o reconhecimento do usuário de drogas como um cidadão, com
direitos, deveres e necessidades. Espera-se, com esta pesquisa, fornecer dados
científicos que possam auxiliar os órgãos competentes na formação de políticas públicas
voltadas para esta problemática.
O uso abusivo de drogas tem sido considerado um problema de saúde pública, que vêmultrapassando todas as fronteiras sociais, preocupando toda a sociedade. Nesse contextoencontra-se o crack, que surgiu na década de 1990 no Brasil, causando fortedependência e prejudicando rapidamente a vida mental, orgânica e social dos seususuários. A fim de compreender os fatores psicossociais que envolvem este consumo,objetivou-se conhecer e analisar as representações sociais elaboradas por dependentesquímicos acerca do crack, dos usuários de drogas e do tratamento; utilizando-se comosuporte teórico a Teoria das Representações Sociais, na perspectiva das abordagensdimensional e estrutural. Trata-se de um estudo descritivo, de cunho qualitativo, que foirealizado em uma instituição psiquiátrica em João Pessoa – PB. A amostra foi compostapor 30 usuários de crack em tratamento, do sexo masculino. Os instrumentos utilizadosforam: questionário sociodemográfico, o qual foi analisado através do cálculo defrequências simples e porcentagens; a Associação Livre de Palavras, com os estímulos:crack, usuário de drogas e tratamento, que foi analisada a partir do programa EVOC; e,entrevista semiestruturada, a qual foi analisada por meio da Análise de ConteúdoTemática de Bardin. Os instrumentos foram aplicados no ambiente institucional, deforma individual, com o uso de gravador, tendo-se tomado todos os cuidados éticos queenvolvem a pesquisa com seres humanos. Verificou-se uma representação negativa docrack, em que ele é personificado na figura do Diabo, tendo o poder de destruir a vidade seus usuários e da sociedade em geral, gerando grande tristeza. Além disso, épercebido como algo que domina o indivíduo inteiramente, tornando-o passivo eimpotente diante da droga. Constatou-se, ainda, que o usuário de drogas é representadocomo alguém não confiável, viciado, sem valor, doente, que não tem caráter eresponsável pela destruição da família. Tal percepção acarreta uma série deimplicações, pois as representações sociais possuem status de verdade, guiando ascondutas dos sujeitos; nesse sentido, essa representação negativa sobre si mesmo podeprejudicar a autoimagem desses usuários, afetando sua autoestima e sua capacidade deenfrentamento às drogas, o que pode dificultar o sucesso do seu tratamento, bem comoa sua reinserção social. Diante dos resultados encontrados, verificou-se a necessidade demudança dessas representações sociais, com a compreensão do uso de drogas como umfenômeno multicausal e o reconhecimento do usuário de drogas como um cidadão, comdireitos, deveres e necessidades. Espera-se, com esta pesquisa, fornecer dadoscientíficos que possam auxiliar os órgãos competentes na formação de políticas públicasvoltadas para esta problemática.
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